• Bate papo

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  • 14/09/2016 12:00

    Num bate papo “ameno”, que acabei por participar, encontravam-se dois cidadãos de cores partidárias diferentes.

    Conheço ambos e fui o terceiro a ingressar nas conversações, exatamente como mediador; nestas condições assim tive que atuar.

    A conversa, todavia, descambou, em certo momento, após um diálogo tenso, por tomar rumos de natureza política, justamente a propósito do impeachment da Presidente afastada, àquela altura em caráter definitivo, em razão da votação levada a termo no Senado Federal, que a julgou culpada por afronta à Lei de Responsabilidade Fiscal.

    Como todos se recordam, a ex-Presidente foi condenada por 61 senadores sendo que 20 deles a julgaram inocente.

    Os dois interlocutores, com os quais privo da amizade de há muito, por incrível que pareça, são bons amigos, porém não se entendem politicamente.

    Um deles, defensor incansável da ex-Presidente, considerada pelo mesmo como ilibada, reta em suas decisões, acabou por terminar a conversa movido por certa irritação.

    Ainda assim, o seu interlocutor tentava prolongar o diálogo sem que, contudo, conseguisse demovê-lo de suas posições.

    Em determinado ponto tentei intermediar a conversa, que já se tornara enfadonha; fui em busca de assuntos de outra natureza, entretanto, o defensor da ex-Presidente persistia no sentido de comentar acerca do tema impeachment, ou melhor, do golpe como ele frisava a todo momento. Ao mesmo tempo, sem esmorecer, acusava o Deputado Eduardo Cunha como um dos “maestros da orquestra”.

    Procurei tranquilizá-lo, porém, a parte contrária, também não me pareceu estar na busca do entendimento e a arma usada era a acusação contra a ex-Presidente, lastreada em argumentações de ordem legal.

    Eu, por minha vez, em busca de apartar o ríspido diálogo.

    O “advogado” de Dilma sempre a defendê-la, todavia, seu interlocutor insistindo em demonstrar que o processo a que foi submetida a ex-Presidente teve o condão de ser comandado pelo dirigente máximo do Supremo Tribunal Federal, consoante a vigente  legislação, asseverando, em prol de seu ponto de vista, que referida autoridade não se encontrava investida de poderes para interferir em quaisquer aspectos relacionados com o mérito do processo.

    Entretanto, toda e qualquer argumentação que se lhe apontava era rechaçada e o golpe a surgir como palavra-chave da questão.

    Foi feito ver ao defensor de Dilma, que além da ex-Presidente, inúmeros parlamentares, testemunhas e advogados de defesa, como de acusação, atuaram no sentido de ver, exatamente, florescer a verdade dos fatos e a justiça a prevalecer.

    E num tom de voz mais alta, o defensor de Dilma, com absoluta convicção frisava: “o que ocorreu foi, realmente, um golpe, não de Estado, mas de cunho parlamentar com claro objetivo de afastar, definitivamente, a Presidente”.

     A conversa já se prolongava por mais de vinte minutos, mas, coube a mim, por precaução, adotar, diplomaticamente, a iniciativa de que se despedissem, já que houvera percebido que o diálogo não iria terminar em paz.

    E assim ocorreu. Acabaram por dar-se às mãos, cumprimentaram-se e seguiram seus caminhos.

    Um deles, entretanto, ainda se dirigindo à minha pessoa asseverou: “aplicaram à ex-Presidente a letra fria da lei”.

    Ouvi-o e, logo após, segui o meu caminho pela Rua do Imperador, meditando sobre o que afirmara o amigo; todavia, já ante ao “leite derramado”, apenas restou-me pedir a proteção do Alto para nossa pátria.

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