• As viralizações

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 10/04/2017 12:00

    O verbo “viralizar” ganhou destaque no mundo virtual, designa a proliferação, nas redes sociais e blogs, de um fato, de uma notícia ou até mesmo de um produto impulsionado pelo chamado marketing viral.

    O termo “viral”, embora tenha uma conotação negativa, pois está relacionado à disseminação de vírus, ganhou outro sentido, vinculado à velocidade da propagação de uma informação.

    Os boatos que outrora eram atribuídos às vizinhas faladeiras agora se espalham nas redes com uma velocidade sem controle, que se assemelha a uma epidemia. É nesse sentido que o verbo viralizar é empregado, com o intuito de demonstrar a rapidez com que as notícias se espalham no meio virtual através de aplicativos. Entre estes, está o whatsApp, que tanto se popularizou no Brasil.

    Outro ponto que destaco aqui se refere à avalanche de informações jogadas nas redes sociais. A frequência com que se ouvem os toques das mensagens recebidas, em determinadas ocasiões, irritam. E, diante dessa avalanche, é preciso estar atento, porque é visível a má intenção de algumas pessoas que desejam infectar a verdade. O vírus da manipulação, que ganhou o rótulo de “pós-verdade”, tem como propósito confundir a opinião pública. Os falsários já utilizam as redes sociais para aplicar golpes. É necessário checar a procedência e a veracidade das informações.

    A web também já virou palanque. Políticos gravam vídeos e colocam nos aplicativos. Fazem o que chamam de marketing pessoal, pois precisam mostrar serviço a seus eleitores.

    Resolvi escrever esse texto, quando, na quarta-feira passada, uma funcionária da equipe de apoio de uma escola em que trabalho me parou no corredor e mostrou-me, pelo whatsApp, a foto de um homem aparentando uns trinta anos, a foto de uma criança morta e um áudio de uma pessoa que se identificava como policial, denunciando o assassinado da menina. A imagem da criança morta sobre uma pedra me chocou. A indignação da funcionária também era grande. 

    No dia seguinte, vi, em um site de notícia, esta manchete: “Casal vítima de boato é espancado no Rio de Janeiro – Informação de que eles sequestravam crianças viralizou no WhatsApp”.

    Sem saber a veracidade da notícia que circulou pelo whatsApp, moradores de um bairro da cidade de Araruama, espancou o casal. O carro em que estavam foi depredado e incendiado. A Polícia teve dificuldade para conter os moradores revoltados. Os próprios moradores fotografaram e filmaram as agressões. Por pouco, o casal não foi assassinado.

    Na quarta-feira citada, cheguei a casa, após o término do terceiro turno. Sentei na sala, liguei o celular para ler as mensagens. No grupo de professores de outra escola em que trabalho, uma colega deu a grata notícia de que estava grávida de um menino. Recebeu várias felicitações. Nesse mesmo grupo, outra colega postou a notícia do falecimento de uma tia. Fato este que gerou outra quantidade de mensagens com o intuito de confortá-la pela perda da querida tia. Nesse mesmo grupo, não faltam mensagem de apoio a outra colega que se encontra hospitalizada com um sério problema na coluna.

     Esse é um ponto positivo dos aplicativos, permite uma comunicação coletiva dentro de uma conduta solidária. Apesar do horário e do cansaço, estava em casa conversando com várias pessoas. Vi, nesse dia, as duas pontas da existência humana e as atribulações que a realidade nos apresenta. Também vi que o celular pode ser uma arma de defesa: o povo fotografa, grava, filma, denuncia as injustiças e une forças para vencer a luta do dia a dia.

    Ataualpa A.P. Filho 


    Últimas