• As sororidades

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  • 25/04/2017 12:00

    Mais uma palavra salta dos dicionários e ganha espaço nas rodas de debates. Tenho ouvido muito o termo sororidade nas discussões que envolvem a posição da mulher na sociedade. Tal vocábulo tem origem latina: “soror”, significa irmã. 

    Como a palavra “fraternidade” vem de “frater”, que significa irmão; assim a palavra sororidade tem a conotação de “irmandade”. Esse termo tem sido muito usado para expressar a união entre as mulheres que lutam contra o machismo e a cultura patriarcal. 

    É válido ressaltar que nem todas as mulheres concordam com as bandeiras levantadas pelo movimento feminista. Por isso cresce a luta para unir forças na reivindicação dos direitos delas, na igualdade entre os gêneros. 

    A sororidade ficou evidente no episódio que ocorreu nos bastidores da maior emissora de televisão do País. Um ator de fama nacional assediou uma figurinista que também trabalha nessa emissora. Ela, sentindo-se constrangida, denunciou o fato que teve grande repercussão no meio artístico. As colegas de trabalho fizeram um movimento e vestiram a camiseta com a seguinte frase estampada: “mexeu com uma, mexeu com todas # chegadeassédio”.

    O ator, vendo a repercussão do fato, pediu desculpa publicamente. Fez uma carta se retratando, reconhecendo o erro. Porém é preciso repensar sobre alguns tópicos que ele escreveu. Iniciou o texto com a seguinte frase: “Carta aberta aos meus colegas e a todos, mas principalmente aos que agem e pensam como eu agi e pensava:”

     É sempre bom identificar a intencionalidade do discurso. Embora tenha reconhecido o erro, mencionado o nome da pessoa assediada, a carta tem uma interlocução genérica. Outro ponto que vale refletir está nos seguintes parágrafos:

    “Tristemente, sou sim fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas. Não podem. Não são.

    Aprendi nos últimos dias o que levei 60 anos sem aprender. O mundo mudou. E isso é bom. Eu preciso e quero mudar junto com ele.”

    A cultura machista é milenar. Mas nem por isso, deve-se adotar uma conduta determinista. Nem todos são frutos dos erros de uma geração. Muitos homens, ao longo dos séculos, lutaram pela paz e se posicionaram contra todos os tipos de violência e discriminações. A natureza, os animais, uma obra de arte, o patrimônio público, o respeito deve ser mantido em todas as dimensões. Não dá para colocar a culpa na geração que nos educou. Temos que responder pelos nossos atos e assumir as consequências.

    Na mesma emissora, outro ato de violência contra a mulher virou caso de polícia. Um participante do reality show “Big Brother Brasil” agrediu uma “sister”. Ele foi expulso do programa e teve que comparecer à delegacia que está tratando do caso. Talvez o nome do programa seja uma ironia “Big Brother” (grande irmão), pois o que menos se vê são atitudes fraternas. Prevalece a vaidade, o fingimento, a falsidade, o jogo de interesse, sem contar a promiscuidade. Não vejo nada nesse programa que possa somar para sociedade. 

     Confesso que não vi nos meios de comunicação as mesmas manifestações entre os funcionários e funcionárias da emissora em defesa da “sister”, como foi em defesa da figurinista. 

    A lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/ 2006) é um avanço em defesa das mulheres. Mas lamentavelmente ainda é grande o índice de feminicídios. A misoginia é um problema grave, por isso a sororidade não pode ser seletiva. Todas as mulheres devem ser respeitadas, não importa a raça, o credo, ou a posição social.

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