• As riquezas dos 90 anos do Clube Vera Cruz

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 11/09/2018 12:25

    O crescimento e o desenvolvimento dos bairros petropolitanos estão intimamente ligados à história do município. Desde a chegada dos primeiros colonos, estes se organizaram enquanto sociedade e não abandonaram suas raízes, ao fincarem em suas localidades os clubes esportivos e sociais. Nesse contexto, há 90 anos foi criado o Esporte Clube Vera Cruz.

    Cravado na comunidade do Moinho Preto, na Mosela, o Vera Cruz nasceu inspirado em um dos maiores sanitaristas do país e também prefeito de Petrópolis, Oswaldo Gonçalves Cruz. Dono de uma enorme área no bairro Montecaseros ele doou para o município a região para ser usado como uma área de lazer.

    A sua atitude, no entanto, chamou a atenção de dois comerciantes da região, que montaram um bom time de futebol na década de 1920, sendo que a maioria dos atletas morava na Mosela. Estes comerciantes, então, resolveram prestar uma homenagem ao então médico sanitarista e chefe do executivo do município em 1916.

    O nome Vera Cruz foi uma homenagem não apenas a Oswaldo, mas a sua filha, que se chamava Vera. Sendo assim, no dia sete de setembro de 1928, estes atletas e moradores resolveram fundar, oficialmente, o então mais novo clube petropolitano. No princípio, é claro, o foco total foi dado apenas ao futebol, justamente no ano em que a Liga Petropolitana de Desportos passava por reformulações em sua política esportiva.

    Para se estruturar fisicamente, moradores da Mosela e ex-atletas se reuniram para montar o clube. E isto aconteceu 27 anos após a sua fundação oficial. No dia 18 de novembro de 1955, finalmente, o antigo sonho dos dirigentes se concretizou, com a aquisição de um terreno de 30 mil metros quadrados no Moinho Preto, sendo que a compra foi realizada pela família Fernandes. Foi construído ali o estádio Sete de Setembro.


        Os atuais dirigentes do clube desenvolveram um projeto de reestruturação


    Foi naquele ano de sua fundação que as coisas começaram a acontecer, de fato, para aquele clube que nasceu do futebol. Aconteceu, por exemplo, a primeira festa campestre e a entrega dos primeiros títulos de sócios proprietários, um evento que chamou a atenção da mídia e da população local.

    Surgido como um clube emergente, o Vera Cruz não queria ser apenas reconhecido como mais uma instituição social e dedicada apenas ao futebol. Tanto é que seu primeiro título oficial não saiu dos gramados, mas sim das ruas de Duque de Caxias, onde uma equipe formada por Ferdinando, Adolfo, Caldeira, Zezinho e Gonzaga – comandada por Michel – venceu uma corrida que levava o nome do município.

    Esse resultado, em Duque  de Caxias, não apenas alavancou o atletismo no Vera Cruz como o tornou pioneiro na modalidade. Armando Caldeira da Silva, sócio-proprietário, se tornou o primeiro petropolitano a disputar a tradicional Corrida Internacional de São Silvestre, sendo que sua participação ocorreu em 1956, em São Paulo. A sua indicação foi feita pela Liga Petropolitana de Desportos. 

    Na parte social, como era um costume da época, o clube tinha também as suas rainhas. Elas tinham um papel importante na divulgação das atividades internas, além é claro, de ser uma forma competitiva de superar as agremiações adversárias. A Tribuna, desde a década de 40, promovia concursos desse gênero e o Vera Cruz contou com as duas primeiras eleitas: Alcidéia Kling e Maria Helena Gall.

    O embalo do Vera Cruz nas áreas esportiva e social, por outro lado, foi esfriando nas duas décadas seguintes. O resgate começou ainda na década de 90, de forma tímida e com uma participação em corridas de rua. A virada começou em 2003, quando um grupo liderado por Jorge Vieira resolveu implementar um projeto de reestruturação completa na sede e na diretoria.

    Desde então na presidência, Jorge e seu grupo praticamente mudaram a cara do Vera Cruz. De acanhado e pouco participativo, o clube se transformou em uma potência esportiva. Se no começo do plano os times de base só levavam goleadas, hoje é um importante protagonista no cenário futebolístico da cidade, pois além de ceder jogadores a outros clubes também contribui em muito ao Serrano.

    No estádio Sete de Setembro, várias reformas foram feitas no local. Anteontem, por exemplo, foram inaugurados os novos vestiários em um dos eventos relacionados ao seu aniversário. Antes disso, porém, o campo teve sua dimensão alterada, se construiu um campo de gramado sintético com a ajuda do ex-craque do futebol alemão e petropolitano Kevin Kuranyi e todo o entorno recebeu reparos.


    Time infanto juvenil do Vera Cruz contra Guerreirinhos do Fluminense. 


    O pensamento dos dirigentes está voltado para o crescimento sustentável. Sem grandes recursos financeiros, o clube tem sobrevivido de suas escolinhas e aluguel do espaço esportivo, além de colaboradores e patrocinadores pontuais. De acordo com Jorge Vieira, presidente do azul e branco moselense, embora exista uma crise econômica no país e que preocupa a todos, o Vera Cruz tem sido capaz de pagar as suas contas.

    “O Vera Cruz está muito bem. O clube tem conseguido pagar as suas contas e em que pese a demora para concluirmos as nossas obras, tudo segue como planejado. Inauguramos os nossos vestiários, cujas obras levaram uns dois anos e meio até ficarem prontas. Sabemos que ainda há muito o que se fazer e esperamos que, nos próximos anos, possamos crescer ainda mais com a ajuda da nossa comunidade”, sentenciou o dirigente.



    Últimas