• Árvores centenárias de Petrópolis em risco

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  • 31/07/2017 12:00

    As árvores, que são um atrativo a mais do centro histórico de Petrópolis, têm se tornado motivo de preocupação do ponto de vista de biólogos e engenheiros ambientais. Isso porque a maioria das que compõem o conjunto arbóreo da região exige cuidados especiais por conta da idade avançada e de algumas doenças que acabam as tornando mais fracas. 

    Em avenidas como a Koeler e a Tiradentes, grande parte da vegetação é composta por magnólias, já centenárias, que por terem sofrido podas irregulares acabam necessitando de mais atenção. A gestora e consultora ambiental Hannah Cunha explicou a situação. “A gente não tem visto muita atenção por parte do poder público com as árvores da cidade. A secretaria de Meio Ambiente tem poucos fiscais, e isso acaba complicando esse trabalho que deve ser feito. Organizar as podas e as vistorias acaba sendo complicado. Mas eles estão buscando meios de tentar melhorar isso tudo”, contou. 

    Segundo Hannah, muitas das árvores que ficam no centro histórico são sufocadas por ervas de passarinho, ou perdem força por conta de cupins e fungos. “A cidade foi crescendo nesse espaço, e muitas vezes sem tratar das árvores como deveria. São muito estruturas muito antigas, então na verdade a nutrição às vezes é ruim. A árvore é como uma pessoa. Quanto mais velhos precisamos de mais ajuda. Nesse caso elas precisam da nossa ajuda. Existem fungos e até o próprio cupim, que tornam elas mais fracas e até propícias a tombar”, contou. 

    Segundo Hannah, a poda correta é fundamental para que essas árvores sobrevivam. “Cada espécie tem o momento mais certo. Em geral são nos meses de maio a agosto. Época do frio, que elas não estão florindo nem frutificando. É o ideal para que quando chegue a primavera ou verão elas estejam mais fortes”, explicou. 

    Além de ser no tempo certo, a poda precisa ser de forma organizada, conforme explicou a gestora. “Mas essa poda precisa ser feita de forma correta, garantindo o equilíbrio dessas árvores. Quando a poda é feita no momento errado, essa produção é afetada, e elas perdem força, abortam as flores e os frutos. Quando a poda não é organizada, por exemplo, cortando mais de um lado do que do outro, ela perde o eixo de firmeza e se desequilibra. Tem propensão de tombar com mais facilidade. A poda tem que ser guiada. Não pode ser qualquer galho.” completou. 

    De um modo geral, o mal que mais afeta o sistema arbóreo de Petrópolis são as ervas de passarinho. “Aqui vemos muitas bromélias, costelas de adão e ervas de passarinho. Nesses casos, com exceção da erva, a relação é mútua, e não prejudica tanto a árvore. O problema é com a erva de passarinho que é comum e uma ameaça para a árvore. Pois ela ataca um dos principais canais de respiração da árvore: as folhas. Desta forma elas sugam a energia da árvore”, concluiu Hannah.


    Árvores penduradas na Avenida Barão

    As árvores em risco não estão presentes só no centro-histórico da cidade. Na Avenida Barão do Rio Branco, por exemplo, elas são uma grande preocupação na vida de pedestres e motoristas. Num trecho próximo à entrada do Quarteirão Brasileiro, vários galhos já caíram sobre a via. E tem gente que até evita o local por conta do perigo. O atleta Thiago Ferreira, que corre todos os dias pela Barão do Rio Branco, sabe dos riscos que corre. “É complicado passar aqui porque eu sempre vejo coisas caindo dali de cima. No início da avenida a situação é a mesma. Muitos galhos e pedaços de árvore pendurados, e vez em quando cai enquanto estamos passando. Se ventar ou chover aí é certo. O problema é quando cai com o tempo aberto, que a gente não espera” explicou. 

    Num trecho de quase 100 metros próximo ao número 1600, no sentido Itaipava, já houve deslizamentos de pedras e queda de galhos neste ano. No entanto, não foi feito contenção, nem mesmo a remoção das árvores em risco. “Está tudo pendurado e a gente se arrisca né, passando aqui debaixo, sabendo que a qualquer momento pode cair sobre nós”, completou Thiago. 


    Costelas de adão podem ameaçar árvores em terreno privado

    Também na Avenida Barão do Rio Branco, um grande risco pode passar por despercebido por muita gente: três árvores tomadas por costelas de adão (um tipo de planta) aparentam estar enfraquecidas e podem correr risco de cair. As estruturas estão completamente camufladas pelas plantas, que podem estar consumindo boa parte dos nutrientes delas. A Tribuna questionou a Prefeitura por meio da Secretaria de Meio Ambiente (SMA) sobre esses casos. 

    A SMA disse que existe um cronograma de atendimento referente as vistorias de árvores na cidade. Em média, por dia, o órgão recebe quatro pedidos deste tipo. O órgão garante que os locais indicados serão atendidos dentro do planejamento montado pelo setor. 

    Com relação às árvores do Centro, a Secretaria de Meio Ambiente realizou em junho uma operação de vistoria. Os laudos indicando a necessidade de poda foram encaminhados para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que precisa autorizar a intervenção em áreas tombadas – como as margens de rios, por exemplo. Caso a equipe técnica constate que seja necessário o corte urgente da árvore, o trabalho é realizado e o IPHAN indica a plantação de uma nova espécie para o local.

    Quem tiver alguma reclamação a fazer, pode denunciar por meio do telefone 2233-8180. O morador deve identificar o local a ser vistoriado e dar o endereço completo aos técnicos. Caso a árvore esteja em terreno particular e os técnicos identifiquem que a mesma oferece risco, o órgão pode autorizar o corte ou a poda – procedimento que deverá ser realizado pelo proprietário do local. No espaço público, o corte ou a poda será realizada pela Companhia de Desenvolvimento de Petrópolis (Comdep).



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