• Área sob passarela da BR-040 vira abrigo para dois moradores de rua

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  • 31/08/2019 10:45

    Há doze anos vivendo na rua, Leandro chegou a Petrópolis há cerca de dois meses. Ele e um amigo estão dormindo embaixo de uma passarela em Itaipava. A situação de vulnerabilidade a que estão expostos, na margem da rodovia, chamou a atenção de motoristas que passam pelo local. 

    Leandro tem 31 anos, é nascido em São Paulo, e nestes anos que vive na rua já passou por muitas cidades. Já caminhou de São Paulo até a Bahia, viagem que durou cerca de seis meses. A última cidade por que passou foi Três Rios, onde conheceu V., de 43 anos. O jovem vende artesanato, e na cidade disse buscar apenas um local para se abrigar, não tem a intenção de ficar no município. 

    V. é morador do Rio de Janeiro, contou que mora nas ruas há seis anos. Perdeu os pais e se separou da esposa. O rompimento acabou fazendo com que ficasse nas ruas. V. disse que tem feito alguns bicos nos comércios próximos em troca de alimento e algum dinheiro. “Tenho vontade de crescer na vida, de sair das ruas”, disse.

    A situação a que ficaram expostos nos últimos dias chamou a atenção de pessoas próximas. Segundo Leandro, o Consultório de Rua já os visitou, mas consideram que, para se abrigarem no Núcleo de Integração Social (Nis) da prefeitura, ficaria difícil por causa da distância. O NIS fica no Alto da Serra. “Fazendo os bicos aqui, não tenho como vir do abrigão todos os dias, não tenho dinheiro da passagem para voltar”, disse V. 

    Leandro disse que, por causa do local onde estão se abrigando, teme a discriminação. “Só o que a gente precisa é da compreensão. Para não discriminarem a gente que mora na calçada. Todo mundo tem um destino na vida e nós só queremos a compreensão. Estamos na cidade só de passagem”, disse. 

    No último mês, a Tribuna publicou uma série de reportagens sobre a população em situação de rua no município. A insuficiência de políticas públicas e a discriminação são os principais fatores apontados pelas reportagens para o aumento e  permanência de pessoas nas ruas. O município tem hoje o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), o NIS e o Consultório de rua, que oferecem o serviço de assistência social e saúde a população de rua.

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