• Amigos, adeus

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  • 24/04/2017 12:00

    A vida é assim como uma estrela cadente. Tal como este resíduo brilhante percorrendo os infinitos misteriosos, dela chega o momento de precipitar-se no anel atmosférico, decompondo-se em fragmentos semelhantes às poeiras depositadas nos múltiplos solos do planeta vivo. Anela-se ao pó do pó primeiro, gerando novos embriões teimosos por mágica regeneração da terra exausta por séculos e séculos de pisoteares de todos os seres perecíveis, eternamente sementes, enquanto durem.

    Belisco minha mão, meu braço, para certificar-me da vida que detenho. É minha; este corpo pressionado é meu e até ouso perguntar: – Quem há de levá-la, extingui-la, lançá-la ao pó do esquecimento?

    E certifico-me da verdade absoluta em toda a notícia que borda meu dia a dia dando conta da passagem ao infinito de pessoas com as quais convivo; de repente as preces, o sepultamento, a tristeza e constatação da transitoriedade de um ser introjetado na tênue biologia do entrelaçado e perecível cosmos.

    Eis, então que perco minha irmã adorada Marilda, nossa caçulinha, de feitio doce, talento de artista e escritora e, em mesmo espaço de tempo, o mesmo rito final de passagem de dois bons e perfeitos amigos, confrades na Academia Petropolitana de Letras, profissionais do pensamento, seres da literatura e do bom viver cordial e fraterno: Frei Alberto Beckhauser ofm e o médico Dr. Márcio Vieira Muniz.

    Frei Alberto, teólogo dos maiores na atualidade, autor de três dezenas de obras, todas na trilha sagrada do cristianismo e da Igreja Católica, conferencista e mestre, foi titular da cadeira nº 31, patronímica do Visconde de Ouro Preto, na Academia Petropolitana de Letras, eleito e empossado no ano de 2001 e, desde então, frequente, interessado pelo sodalício, colaborador em vários momentos culturais da entidade. Amigo confesso fez questão de cooficiar a missa festiva de minhas bodas de ouro com Shirley, na inesquecível celebração católica no ano de 2012, momento de afirmação e compromisso de amizade. Deixa uma saudade imensa, o bondoso e culto Frei Alberto.

    Márcio Vieira Muniz, médico, foi profissional competente na área da hematologia, escritor, articulista em nossa imprensa, inteligente, empreendedor, uma personalidade petropolitana marcante de nosso tempo. Ingressando na política, foi vereador combativo, respeitado, de conduta corajosa e de grande empatia, com atuação marcante na resolução de muitos problemas da cidade, sempre atento, fala vibrante, ilibada conduta. Um excelente edil que honrou a investidura. Meu confrade na Academia Petropolitana de Letras, foi titular da cadeira nº 24, patronímica de Bernardo Guimarães, empossado no ano de 2010. Sempre presente, colaborador em todas as horas, Márcio Muniz deixa grande lacuna na entidade de letras petropolitana.

    Inesquecível a presença de Marcio Muniz na administração do prefeito Paulo Gratacós, na década de 90, como secretário de saúde, com gestão magnífica, determinante de uma nova estrutura da pasta, em tempos de respeito ao eleitor e ao povo em geral.

    Tive o privilégio de estar presidente da Academia e empossar os dois confrades.

    As estrelas cadentes de Frei Alberto e Dr. Márcio Muniz deixam serena luz na alma da terra e na memória de todas as criaturas humanas de boa vontade e amor verdadeiro ao próximo.

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