• Alunos da UFF-Petrópolis ganham prêmio internacional de pesquisa

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  • 23/06/2019 11:00

    Participar de um evento internacional voltado para avanço e inovação já seria um feito e tanto para um estudante de qualquer área. Imagina então ser selecionado e, ainda nesta mesma ocasião, ser premiado por um projeto de própria autoria e reconhecido por toda a comunidade mundial de pesquisadores e doutores da Engenharia? Foi este o feito que os estudantes petropolitanos Joel Meira e João Araújo, de 20 e 23 anos, respectivamente, alcançaram no início deste mês. Os alunos do curso de Engenharia de Produção do campus Petrópolis da Universidade Federal Fluminense (UFF) conquistaram o terceiro lugar na categoria “Estudantes” do Congresso PAEE/ALE, um simpósio que anualmente reúne profissionais e estudantes de engenharia de todo o mundo, e que este ano aconteceu em Hammamet, na Tunísia.

    O título do projeto apresentado por eles foi “Gestão de resíduos sólidos em uma empresa de tecnologia de soldagem”, no qual eles propunham formas adequados de planejar, mapear e controlar o modo correto de reutilizar os resíduos sólidos descartados indevidamente, como restos de madeira, tecidos e água contaminados com óleo e resíduos de embalagens, plástico, papel, papelão, cilindros de gás, entre outros. Além de Joel e João, o projeto foi desenvolvido com os alunos Fernanda Yamamoto, de 21 anos, e Rennan Barros, de 25. Todos foram orientados pelo professor Moacyr Figueiredo, com auxílio de outros dois professores, Lívia Cavalcante e Rennan Finamore. 

    O projeto surgiu por meio de um programa da UFF de aprendizado que se baseia em projetos, chamado Project Based Learning (PBL – em português aprendizagem baseada em projetos). Por meio de parcerias, os alunos são levados a orientar empresas em alguma área, dentro do que estão aprendendo no ambiente acadêmico. O projeto começa a ser desenvolvido com os alunos a partir do 4º semestre. No caso dos alunos detentores do terceiro lugar no congresso, a empresa Abicor Binzel Brasil os recebeu, solicitando uma melhoria na gestão de resíduos. Entre as medidas que o projeto visa, as principais são a instalação de uma cúpula próximo à saída de peças de tornos, para evitar respingos de óleo provenientes da máquina e, assim, gerar também uma energia mais “limpa”; a criação de um centro de coleta de lixo eletrônico na empresa; a montagem de três contêineres de coleta seletiva (reciclável, não-reciclável e compostável); o descarte dos materiais contaminados com óleo das mesmas empresas que removem o óleo e a água contaminada, entre outros. 

    “A partir do momento que começamos a aplicar nosso projeto na empresa, percebemos uma nítida melhora no funcionamento das máquinas. Com sucesso, conseguimos identificar, tratar e armazenar adequadamente todos os resíduos sólidos que eram produzidos. Para nós, foi um choque só o fato de termos sido selecionados para o congresso. Ser premiado nele, então, é indescritível. É um acontecimento extremamente positivo tanto para o nosso currículo quanto para a nossa universidade”, afirmou Joel.

    O congresso é denominado de PAEE/ALE, um acrônimo para Project Approach in Engineering Education / Active Learning in Engineering – ou, em português, Abordagem de Projeto em Educação de Engenharia / Aprendizado Ativo em Engenharia – e aconteceu nos dias 10, 11 e 12 de junho. Nele, participaram 30 estudantes de engenharia do mundo todo, entre graduandos, mestrandos e doutorandos da área. Nesta edição do evento, 18 países estiveram presentes e, durante as apresentações dos projetos – que deveriam ser voltados para a inovação – os alunos dispunham de 10 minutos para a apresentação, além de mais cinco minutos destinados a eventuais perguntas. Foram apresentados artigos em diversas línguas, como português, espanhol, francês e inglês, mas somente os artigos em inglês concorriam ao prêmio, já que é o padrão internacional. O resultado foi apresentado no último dia do simpósio.

    “Creio que o nosso projeto acabou tendo um pouco mais de destaque no evento por ser voltado para um resultado que funciona a longo prazo, assim como os outros que venceram. Os avaliadores prezam muito por isso. O projeto que venceu, por exemplo, era de um dispositivo que faz com que daltônicos enxerguem cores normalmente, e era de uma doutoranda. Além disso, os dois primeiros lugares eram justamente estudantes da Tunísia. Então ficamos ainda mais honrados por termos sido os únicos estrangeiros no pódio, e mais ainda por termos ‘perdido’ para uma futura doutora. E descobrimos isso somente lá na hora! Antes não sabíamos que quem já era formado e ainda estivesse fazendo mestrado e doutorado também participaria. Ainda bem, porque senão teríamos ficado ainda mais nervosos”, conta Joel.

    Vaquinha gerou recursos para a viagem

    Os alunos contam que, a partir do momento em que descobriram que o projeto deles havia sido selecionado, uma correria para garantir o lugar deles no evento tomou conta do ambiente. O valor total dos custos girou entorno de R$ 20 mil, sendo R$ 14 mil somente de passagem aérea, por conta da data em cima da hora. Sabendo da dificuldade em viabilizar a viagem, eles abriram uma “vaquinha” na internet para buscar os recursos necessários para custear as passagens, a estadia e a alimentação. Devido ao alto custo, apenas dois alunos puderam comparecer ao congresso, e Joel foi escolhido por dominar o inglês – e assim poderia fazer a apresentação do artigo –, e João, por ter sido o gerente-geral do projeto. Com o intuito de ajudar e realizar o sonho dos garotos, o PRW Colégio e Curso e a corretora PH7 doaram fundos e praticamente custearam uma das passagens.

    “Foi uma experiência completamente única. É um país árabe, então pra nós, ocidentais, ainda tem um certo preconceito em torno disso, sabe? Então pra nós foi muito enriquecedor, porque além de tudo, ainda quebrou paradigmas. Todos foram muito receptivos conosco e nos trataram super bem. Claro que chega a um ponto da faculdade em que surgem diversas dúvidas na nossa cabeça, mas o congresso nos ajudou bastante a ter fé tanto na nossa carreira quanto na nossa universidade. Por mais que cada um falasse uma língua diferente, no fim das contas éramos todos engenheiros e aspirantes, e isso une todos os povos. Com certeza saímos de lá com uma visão de mundo bem mais profunda e com ainda mais fé de que a educação é o melhor caminho para o sucesso”, declarou Joel.

    Com a premiação, os estudantes garantiram, de forma gratuita, a inscrição automática para o Congresso no próximo ano, que será realizado em Pattaya, na Tailândia. Nele, eles terão a oportunidade de apresentar outro projeto, podendo obter ainda mais vitrine tanto para as respectivas carreiras quanto para a universidade.


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