• Alunos da PUC-Rio são acusados de racismo durante torneio em Petrópolis

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  • 05/06/2018 12:12

    Manifestações racistas de alunos do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) durante os Jogos Jurídicos Estaduais, no fim de semana, levaram os organizadores do evento a retirar da instituição o título de campeã geral da competição, além de ter suspensa a participação na disputa no ano que vem. Segundo testemunhas, os alvos foram atletas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Católica de Petrópolis (UCP).

    Os estudantes da PUC, além de se referirem a atletas negros de forma racista, jogaram cascas de banana na quadra e deixaram o Petropolitano Football Club, no domingo, imitando macacos, em ato que seria uma provocação a alunos da UERJ. O Movimento Jogos sem Racismo, criado para coibir manifestações racistas durante os jogos, publicou nota cobrando a identificação e a punição dos responsáveis. 

    Mariana Corrêa de Oliveira, aluna de Direito da UERJ e integrante do movimento contra o racismo nos jogos, afirmou que os Jogos Jurídicos Estaduais nunca foram um espaço confortável para os negros. “Episódios como estes, registrados neste ano, não são isolados e mostram o quanto a nossa sociedade é racista e o quanto precisamos, ainda, trabalhar para combatê-lo”, afirmou. 

    Gabriela Barcellos, também aluna da instituição, lembrou que no ano passado houve episódios racistas durante os jogos, mas não houve punição. “Agora jogaram casca de banana em um aluno negro da UCP, chamaram uma atleta da UFF de macaca e, ao serem recriminados por alunos da UERJ, passaram a imitar macacos. Esse é um comportamento penalmente condenável, mas é mais do que isso. É uma vergonha para a instituição. Não vamos aceitar”, disse. 

    Em nota, o Diretório Central dos Estudantes da UCP repudiou as manifestações racistas. “Hoje, em pleno século XXI, assistimos a essa manifestação de racismo, preconceito e profundo desrespeito com colegas de universidade, que já trazem, em sua grande maioria, histórico de luta e de superação em suas trajetórias de vida para estarem ocupando o seu lugar dentro da academia, sendo esse seu lugar de direito”.

    No texto, os alunos da UCP ainda lembram que trata-se de grupo de alunos de Direito. “Nos indigna mais ainda saber que esses discentes, parte da elite carioca, serão parte dos nossos futuros advogados e integrantes do sistema judiciário. Daí a importância da luta contra o racismo, de desmascararmos o mito de democracia racial, de questionarmos a parcialidade nas instâncias jurídicas. Precisamos refletir sobre essas práticas em um país que encarcera e mata milhares de jovens negros e pobres cotidianamente! Esse tipo de atitude deve ser repudiada por todas as organizações estudantis e entidades em geral – não podemos permitir que essas pessoas ocupem espaços de poder no futuro do nosso judiciário”.  

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