• Ainda há comunidades ilhadas, sem luz e água em Pedro do Rio

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  • 22/01/2016 11:00

    Mais de 48 horas após o temporal que atingiu a região dos distritos de Petrópolis, causando vários deslizamentos de terra, desabamentos, rolamentos de pedras, quedas de árvores, postes e inundações, ainda há várias localidades ilhadas, sem abastecimento de luz e água. 

    Na localidade de Paiolinho, em Pedro do Rio, a rua José Joaquim Rodrigues ainda tem trechos intrafegáveis, com mais de cinco postes pendurados ameaçando cair sobre dezenas de casas. Há lama por todo lado e moradores temem novos deslizamentos. 

    A família de Claudino Felipe, que trabalha com obras e eletricidade, ficou desde sexta-feira sem poder sair de casa. Toneladas de lama desceram de um morro do outro lado da rua e destruíram sua garagem. Dois carros, sendo uma Fiat Fiorino e um Volkswagen Gol azul, foram arrastados pirambeira abaixo e foram parar próximo a um córrego, a cerca de cem metros da casa. 

    “Eu moro aqui há oito anos, mas tenho parentes e amigos que moram há mais de 30 e nunca viram nada igual. A chuva que já vinha caindo desde quinta-feira à tarde se intensificou durante a madrugada de sexta-feira para sábado, quando os estragos começaram a acontecer”, disse o mestre de obras. A filha de nove anos de Claudino dormia no quarto na hora do deslizamento. “Foi Deus mesmo que desviou a barreira entre as duas casas”, disse o pai da menina, que estava num quarto que fica na mesma parede da garagem que foi carregada pela barreira. Por sorte, apesar dos estragos, ninguém se feriu.

    Várias famílias estão sem poder dormir em casa por causa da lama, na localidade. “Estou praticamente desabrigado. Estamos dormindo na casa de parentes. Só na minha família são doze pessoas que estão dormindo numa quitinete”, completou Claudino.

    Na Estrada União e Indústria, entre a Posse e Itaipava, são mais de 15 deslizamentos e alguns deles ameaçam várias casas, como é o caso da localidade de Sete Casas, em Pedro do Rio, onde o barro desceu e destruiu duas casas. A lama era tanta que invadiu pelo menos nove residências que ficam à margem da via. Gesseni de Fátima, que mora bem próximo ao deslizamento, teve prejuízos com a lama que tomou conta de sua lanchonete. “Foi uma coisa horrível, eu moro aqui há muitos anos e nunca vi nada de tão preocupante. No ano passado já tínhamos sofrido com a lama que desce de uma rua lá de cima, mas a situação não tinha sido tão feia. Pensei que o mundo fosse acabar”, contou a moradora. O deslizamento de barro e pedras carregou uma casa quase inteira para dentro do rio Piabanha. “O barro desceu, atravessou a pista e derrubou a casa que ficava do outro lado da rua. Nunca pensei que isso fosse acontecer. Se essa casa descer vai levar várias outras daqui de baixo”, completou. Acima do local do deslizamento, a casa a qual Gesseni se refere, que tem mais de dois andares, está pendurada, ameaçando cair sobre a via, podendo atingir outros imóveis. 


     

    Posse sem água

    No distrito da Posse, milhares de moradores de várias partes dos bairros Córrego Grande, Tristão Câmara, Nossa Senhora de Fátima, Ingá, Avenida Noêmia Alves Rattes e também de vários trechos da Estrada União e Indústria estão sem abastecimento de água desde quinta-feira. “Nós estamos sem uma gota d'água desde a semana passada. Estávamos poupando, porque vizinhos já tinham falado que a água estava acabando. Mas chegou a um ponto que não dava mais para deixar de utilizar. Precisamos tomar banho, fazer comida e, principalmente, beber água. Como vamos fazer?” indagou Maria Inês de Almeida, que mora há 43 anos no bairro Nossa Senhora de Fátima e disse que nunca viu nada igual. “Choveu muito, foi uma coisa horrível, eu nunca vi nem esperava ver isso. A sensação era aquela de 'não existe lugar seguro. É muita água e eu não sei se consigo me salvar'. Foi mais ou menos isso”, completou a moradora. 

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