• Afastamento do governador agrava crise política no Estado

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  • 29/08/2020 09:35

    O afastamento por seis meses do governador Wilson Witzel do Governo do Estado, acusado de participar de um esquema de desvio de dinheiro da Saúde, traz à tona novamente a discussão sobre a gravidade da corrupção no Estado do Rio, onde quatro governadores foram presos, sendo que um continua e outro em prisão domiciliar.

    A corrupção no Estado do Rio é um mal que parece não ter fim e seria necessária uma mudança radical da estrutura administrativa para que o sistema deixasse de ser corrupto e não favorecesse a corrupção e mais ainda, que dificultasse a vida daqueles que se deixam corromper.

    Para que isto ocorra seria necessário que o Senado e a Câmara dos Deputados promovessem uma reforma administrativa ampla e radical da estrutura política/administrativa do país. O que não acontecerá, pois falta vontade política para combater de fato e de direito os esquemas de corrupção no país.

    Voltemos à situação do Estado do Rio onde a crise política se agrava com o afastamento do governador, tanto no campo político quanto no econômico. A dificuldade de dialogar com a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e também com o presidente Jair Bolsonaro e seu grupo político do Rio levou o governador ao isolamento.

    Com essa postura, permitiu que a oposição ao seu governo se fortalecesse e ganhasse espaço. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Alerj é um exemplo claro da dificuldade do governador afastado em dialogar com os políticos. Para evitar um mal maior e tentar enfraquecer a CPI, Wilson Witzel cedeu à pressão dos deputados e deu início a mudança de assessores no primeiro escalão e em outros setores do governo.

    Entre os principais assessores do governador afastado que deixou o governo foi o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, pivô da queda de braço com os deputados estaduais. Tristão, além de causar grande prejuízo político na Alerj para o governador, também é acusado de participar do esquema de desvio de recursos e por isso teve seu pedido de prisão aceito pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

    O vice-governador, Claudio Castro, que assume de forma interinamente o Governo do Estado terá muito trabalho. Pois, além de buscar um entendimento político para garantir a aprovação de projetos na Alerj, terá que trabalhar duro para cumprir as metas do acordo de recuperação fiscal do Estado e ainda tentar aprovar a prorrogação do mesmo.

    A crise política do Estado do Rio que se arrasta por anos. Teve seu auge com a prisão das principais lideranças do MDB (PMDB) e agora ganha um novo episódio com as denuncias contra Witzel e outras pessoas. Como política e economia no Brasil ainda caminham de braços dados (e não deveria) o Estado do Rio também entra numa nova fase econômica, cujo futuro ainda continua incerto.

    O certo até o momento é que o ex-juiz federal, Wilson Witzel eleito no primeiro turno em 2018 com 41,28% e no segundo turno com 59,87%, parece que nunca deixou de ser juiz, esquecendo que foi eleito governador do Estado com o compromisso de combater a corrupção.

    Sempre afirmei que como juiz ele tinha a caneta na mão e quem discordasse de suas decisões, questionava nas instâncias superiores. Mas, como governador, continua com a caneta na mão, mais devia ter olhado ao seu redor e principalmente ler as letras minúsculas e as entrelinhas da política. Sabendo que, além do povo, o Ministério Público do Estado e a Procuradoria-Geral da República, assim como políticos de oposição, estariam de olho em seus atos.

    Outros artigos e notas no blog: www.rogeriotosta.com.br

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