• Adoção: longa espera em busca do sonho

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  • 05/06/2018 11:31

    Além do sonho de subir no altar, véu, grinalda e vestido branco, muitas mulheres pensam a vida toda em ser mães. Uma surpresa que transforma e dá mais sentido à vida. Os dias ganham mais cor, os segundos são curtidos de forma mais intensa, cada gesto emociona e as conquistas dos filhos são o motivo de orgulho pra toda a família. Os nove meses de gestação levantam a curiosidade sobre como será aquele bebê, que característica da família vai herdar e no caso da maternidade adotiva, o coração é quem manda, quando os olhares dos pais e filhos se cruzam pela primeira vez. 

    A jornalista Carla Coelho relata que ao conhecer o filho João Pedro, num lar de crianças em Petrópolis, teve a certeza de que o adolescente traria a sua vida um novo sentido. “Foi amor à primeira vista. Eu e Maurício, meu marido, tivemos a certeza de que ele seria a realização da nossa felicidade. Inicialmente, o perfil que buscávamos era de uma criança menor, mas o coração o encontrou e se iniciou o processo pra ter nosso filho conosco”. 

    A professora de artesanato Fátima Britto, conheceu o filho Thiago, numa visita a um orfanato na Capital. Era recém-casada, cheia de planos e foi pega pela emoção ao ver o menino com apenas dois anos.  “Durante aquele dia, uma freira disse pra minha mãe que tinha uma criança precisando de ajuda e muito doente. O Thiago já havia tido paralisia cerebral, não andava ou sequer falava. Um dia queríamos ajudar ele e não conseguimos sequer levá-lo ao médico, pois não tínhamos autorização. Foi ai que eu pensei: preciso cuidar dele”.

    Ambas relatam que a espera pela chegada dos filhos, marca até hoje as lembranças. Os processos enfrentados junto à Justiça, a ansiedade e a luta para terem as crianças, são detalhes que não ficam esquecidos pelas mães. “Entendo os prazos da Justiça como um período necessário. São muitas questões em jogo. As crianças que serão adotadas têm seus hábitos, as famílias também e é necessário adaptar tudo pra que aconteça de maneira positiva”, pontua a jornalista. 

    Fátima diz que o amor foi a essência para que superassem juntos a desnutrição do filho, a dificuldade em andar e falar.  “Foram muitos tratamentos, fono, fisioterapia e médicos diversos. Muito sacrifício que tivemos pra fazê-lo viver. Conseguir ver o Thiago anos depois, dirigindo, jogando bola, trabalhando e até na faculdade, é motivo de orgulho pra nós. Ele superou o que todos disseram que ele não conseguiria”, explica. 

    As mudanças na rotina, na casa e no dia a dia, são parte das vidas da família a partir da adoção. São novidades pro casal, pra criança e até as prioridades tomam outro direcionamento. “Sempre foquei na minha carreira, o trabalho era a principal questão pra mim. Agora nem penso duas vezes antes de dizer que meu filho, é  que se tornou minha prioridade o tempo todo”, afirma Carla. 

    O sonho está no coração de petropolitanos que tem o processo em trâmite, aguardando as boas notícias de que seu momento de serem pais chegou. Mas, das oito mil crianças disponíveis para adoção, poucas acabam cumprindo o perfil exigido pelos pais. 98% das crianças aptas para ganharem um novo lar, tem mais de 7 anos, perfil que não é o desejado por 92% dos adotantes. 

    As mães finalizam destacando o orgulho que tem de seus filhos. “ O que eles querem é uma família, mas na maioria das vezes, aquela criança nem tem noção do que é ter essa experiência. Eles chegam com muito medo e vão se acostumando aos poucos. Ele se sente mais ouvido, mais acolhido”, explica Carla. 

    “A gente vai se habituando, entendendo e amando cada vez mais. Nossa família é completa. Os filhos biológicos acabaram chegando depois e todos são unidos, amigos, de verdade… É uma história de muito amor. Hoje vejo que fomos escolhidos e capacitados por Deus, pra que pudéssemos cuidar dele”, conclui Fátima. 

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