• Ações ambientais transformam a vida dos alunos do bairro Contorno

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  • 23/10/2016 07:00

    A educação é a chave para a transformação e crescimento de uma pessoa. Com esse pensamento, a diretora da Escola Municipal Leonardo Boff, Angélica Domingas, conseguiu conscientizar os alunos e a comunidade local sobre a importância da preservação do meio ambiente.

    Desde 2009, a instituição de ensino, localizada na BR-040 no bairro chamado Contorno, trabalha junto aos alunos e seus familiares os conceitos e práticas da Educação Ambiental. Pode parecer algo simples, mas as ações realizadas ao longo dos últimos anos transformaram a forma como as pessoas entendiam questões como preservação de mananciais e de animais, reflorestamento, reciclagem de lixo, entre outros.

    A partir de encontros realizados pela Secretaria Municipal de Educação, sobre questões ligadas ao meio ambiente, Angélica teve a ideia de levar as propostas apresentadas para a escola. Durante essas reuniões, ela pôde conhecer um pouco mais sobre o trabalho da Organização Não-Governamental AnimaVida e a World Society for the Protection of Animals (WSPA).

    "Na época, estabeleci contato com a Ana Cristina de Carvalho Ribeiro, da ong AnimaVida, e tive interesse em ensinar aos alunos questões ligadas ao bem-estar animal. Além disso, também no mesmo período, a professora Esmeralda, que coordenava o setor de Educação Ambiental, esteve na escola para realizar junto aos estudantes a atividade de plantar mudas de pau Brasil. Tais iniciativas apenas reforçaram a ideia de implantar a disciplina de Educação Ambiental na Leonardo Boff", conta Angélica.

    Domingas revela que em 2011, Ana Cristina apresentou a chefe da unidade de conservação da Reserva Biológica do Tinguá, Márcia Nogueira, aos alunos e professores da escola. Foi nesse encontro que surgiu a parceria entre a Rebio Tinguá, a AnimaVida e a Leonardo Boff. "Nos anos seguintes estabelecemos uma proposta de projeto para ser realizado em nossa comunidade, com base nas ações da reserva. A justificativa para esta decisão encontra-se no fato da comunidade do Contorno estar próxima da divisa com a reserva".

    Desde então, os alunos todos os anos desenvolvem um tema sobre meio ambiente para ser trabalhado durante todo o período escolar. Além disso, os pequenos têm contato constante com outros projetos ambientais e outras unidades de conservação. 

    "O mais interessante dessa iniciativa é que a escola abraçou a causa, não ficou apenas na parte teórica e restrita a sala de aula. Os alunos têm exemplos, diariamente, do que aprendem junto com a AnimaVida e a Rebio Tinguá. Outro fator positivo é que por ser uma escola comunitária, o exemplo acaba sendo difundido na comunidade. Hoje, a população local é muito mais consciente e pró-ativa no que diz respeito a preservação do meio ambiente", conta Ana Cristina. 

    A parceria da escola com a Ong e a Reserva proporcionou aos alunos acesso a atividades e projetos realizados em diferentes locais da cidade e de outros municípios. Por meio dessas ações, eles aprenderam na prática sobre a importância de preservar mananciais, visitando-os na Rebio Tinguá; entenderam como os pássaros silvestres são importantes para a preservação das matas, por meio da observação dos espécimes em visita a uma pousada local; criaram um folder para alertar a população a respeito da preservação de animais silvestres, entre outros.

    "Os resultados das atividades e ações socioambientais, incentivadas pela escola, servem para que as famílias possam pensar em novas formas de se viver, além de proporcionar mudanças e transformações significativas que defendam a dignidade e qualidade de vida, sem as quais não há respeito as diversas formas de vida", explica Angélica.

    Um exemplo disso é a história da cadela Belinha. Angélica conta que há alguns anos a comunidade presenciou um caso de maus tratos. Vários filhotes de cachorro foram abandonados dentro de uma lixeira coletiva do bairro. "Foi necessária a intervenção da direção da escola para resolver junto com algumas mães o resgate dos filhotes, restaurando sua saúde para posterior adoção. Entretanto, um deles permaneceu sem um lar tornando-se o mascote da escola, sendo batizada por Belinha".

    De acordo com a diretora, essa atitude inibiu novos casos de abandono de animais na comunidade. "A preocupação dos diretores da Associação de Pais e Professores da Escola é de que, por meio das situações vividas no cotidiano com as crianças e as famílias, elas possam ser evidenciadas para que as medidas realizadas tragam a dignidade da vida humana e desenvolvimento da prática de justiça social".

    Ana Cristina participou de todo o processo de resgate e cuidados aos filhotes abandonados. Ela conta que os próprios alunos doaram uma quantia símbólica para ajudar no tratamento dos animais. "Após ser adotada pela escola, a Belinha foi fundamental para conscientizar sobre a importância dos cuidados com os animais domésticos". Cristina ainda ressalta que os jovens também colaboram no resgate de animais silvestres, alertando os responsáveis sobre a presença do espécime, para que as medidas necessárias sejam tomadas.

    O trabalho junto a Rebio Tinguá

    A Analista Ambiental da Reserva Biológica do Tinguá, Gisele Medeiros, explica que a escola é área de entorno da Rebio do Tinguá, e que diversas palestras e atividades de campo já foram e são realizadas pela equipe da unidada de conservação, a fim de sensibilizar os alunos da região e consequentemente suas respectivas famílias.

    "Transmitimos em nossos encontros informações em relação a espécie endêmicas e com risco de extinção, orientações quanto procedimentos em caso de ocorrência de fauna silvestre na área do entorno da escola,  a importância da floresta no abastecimento de águas das áreas do entorno da escola, e também quanto a importância da fauna e impacto da caça predatório na região", conta Gisele.

    Para a analista, é notório junto aos docentes e discentes a informação sobre a existência da Rebio do Tinguá e sua função naquela região, como regulação térmica, periodicidade de chuvas, abastecimento de água para consumo humano, entre outras informações, as quais são de suma importância e já refletem na população daquela localidade.

    "Tais iniciativas (como as desenvolvidas junto aos alunos e comundiade) são mecanismos que estimulam o pensar, gerando atitudes que ajudam a preservar a reserva e o meio ambiente como um todo, sendo algo fundamental no currículo escolar, considerando a média de idade dos alunos que a escola atua", conclui Gisele.

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