• A trova se esvai a cada partida

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  • 29/06/2017 12:00

    Quando um trovador se despede da vida terrena, leva consigo, deste mundo insensível, um pouco da trova, este estilo de poesia tão sublime e tão desprezado pelos ditos poetas modernistas e pela mídia perniciosa, mas uma das raras modalidades que consegue enviar uma mensagem em poucos versos – coirmã do haicai e do rubai – todos semelhantes, mas totalmente diferentes, já que cada um tem seu estilo e sua personalidade própria.

    Partiu agora, de improviso e inesperadamente, o professor Roberto Francisco, tão de improviso como eram suas trovas repetidas sempre, dele e de outros companheiros de jornada que já estão lá em cima, esperando para recebê-lo com festividade. É a alegria deles em contrapartida com nossa tristeza que, doravante, nos privará de ouvi-lo puxar da memória para nos brindar sempre com exemplos maravilhosos.

    Infelizmente, o professor nos pegou de surpresa na sua querida Academia de Poesia, onde sua presença foi marcada na última Assembleia do dia 27, para eleição da nova diretoria, após um período traumático “patrocinado” pela última gestão que a reduziu a um autêntico caos, no meio do qual estamos lutando e tentando – e vamos conseguir – de reerguê-la, pelo menos, ao nível anterior, ocasião em que tivemos todo apoio do trovador.

    Falo em nome e em defesa da Academia – como sempre agi no período de afastamento – por divergência com a administração da época. Por isto, modestamente, marquei presença em seu velório, como vários confrades, levando uma singela homenagem ao depositar, aos pés de sua urna, um ramo de rosas brancas, salpicadas suavemente com a tonalidade rosa – eterno símbolo da trova – acompanhado de um cartão com poucas palavras, mas sinceras – “Ao professor Roberto Francisco, eterno presidente da UBT local, uma singela homenagem de seus confrades :- Trovador que se despede / desta vida passageira, / pela saudade se mede /  uma trajetória inteira – Academia Brasileira de Poesia”. Certamente, Roberto Francisco não poderia partir para o além sem levar consigo um dos símbolos de sua trajetória – a trova.

    Seguidor, também, da doutrina kardecista como o professor, olhamos não a morte, mas o passamento com uma visão diferente das demais crenças, não deixando porém, de sentir e lamentar sua ausência e preservar a eterna saudade, isto é, a memória necessária para mantê-la viva, mas, por outro lado, confortados em reconhecer sua passagem purificadora da missão cumprida.  jrobertogullino@gmail.com



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