• A riqueza dos anos

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  • 01/02/2020 13:08

    Queridos irmãos e irmãs,

    A “riqueza dos anos” é a riqueza das pessoas, de cada pessoa que tem muitos anos de vida, experiência e história por trás delas. É o tesouro precioso que toma forma na jornada da vida de todo homem e mulher, quaisquer que sejam suas origens, condições econômicas ou sociais. Visto que a vida é um presente, e quando é longa, é um privilégio para si e para os outros. Sempre, sempre é assim. 

    No século XXI, a velhice se tornou uma das marcas da humanidade. Dentro de algumas décadas, a pirâmide demográfica – que antes descansava em um grande número de crianças e jovens e tinha poucos idosos no topo – reverteu-se. Se os anciãos pudessem preencher um pequeno estado, hoje eles poderiam preencher um continente inteiro. Nesse sentido, a enorme presença de idosos constitui uma novidade para todos os ambientes sociais e geográficos do mundo. Além disso, a velhice hoje corresponde a diferentes estações da vida: para muitos, é a idade em que o compromisso produtivo cessa, a força diminui e surgem sinais de doença, a necessidade de ajuda e isolamento social; mas para muitos é o começo de um longo período de bem-estar psicofísico e livre de obrigações de trabalho. 

    Nas duas situações, como você pode viver esses anos? Que sentido dar a essa fase da vida, que para muitos pode ser longa? A desorientação social e, de muitas maneiras, a indiferença e a rejeição que nossas sociedades manifestam em relação aos idosos chamam não apenas a Igreja, mas todas elas, a uma reflexão séria para aprender a compreender e valorizar a velhice. De fato, enquanto, por um lado, os estados precisam enfrentar a nova situação demográfica no nível econômico, por outro, a sociedade civil precisa de valores e significados para a terceira e quarta idade. E, acima de tudo, aqui está a contribuição da comunidade eclesial. 

    Por isso, acolhi com interesse a iniciativa desta conferência, que focou a atenção na pastoral dos idosos e iniciou uma reflexão sobre as implicações decorrentes da presença conspícua dos avós em nossas paróquias e sociedades. Peço que isso não permaneça uma iniciativa isolada, mas marque o início de um caminho de aprofundamento e discernimento pastoral. Precisamos mudar nossos hábitos pastorais para poder responder à presença de muitos idosos nas famílias e comunidades. 

    A longevidade é uma bênção na Bíblia. Confronta-nos com nossa fragilidade, dependência mútua, vínculos familiares e comunitários e, sobretudo, com nossa filiação divina. Ao conceder a velhice, Deus Pai dá tempo para aprofundar seu conhecimento dele, intimidade com ele, para entrar cada vez mais em seu coração e abandonarse a Ele. É o momento de preparar-se para entregar definitivamente nosso espírito em suas mãos. confiança das crianças. Mas também é um tempo de fecundidade renovada. “Na velhice, eles ainda darão frutos”, diz o salmista ( Sl 91: 15). De fato, o plano de salvação de Deus também é realizado na pobreza de corpos fracos, estéreis e impotentes. Do ventre estéril de Sara e do corpo centenário de Abraão nasceu o povo escolhido (cf. Rom.4,18-20). João Batista nasceu de Isabel e da antiga Zacarias. 

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