• A procura da verdade

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  • 11/10/2017 08:25

    Desde os dez anos de idade sou um leitor de livros em busca do conhecimento. Comecei cedo ao receber de uma tia mais de uma centena de “gibis” no formato e tamanho de um talão de cheques. E ela usou uma técnica diferente, mas, inteligente, que pudesse lhe dar certeza de que eu leria todos eles, do primeiro ao último. Disseme ela: tenho um total de 107 gibis. E são todos seus a partir de agora, porém, só te darei um de cada vez, ou seja, ao terminar a leitura de um te darei o seguinte e assim por diante. Assim foi feito. Como consequ- ência, adquiri o hábito mais saudável e inteligente que conheço. Tornei-me um leitor voraz de história em quadrinhos. Em pouco tempo meu rendimento escolar era excelente e eu estava lendo livros, muitos livros, e chegava a ler um livro por semana, ou seja, quase cinquenta livros por ano. 

    Nessa altura meu rendimento escolar era excelente e minha ânsia pelo conhecimento era inquebrantável, acho mesmo que insaciável.

    Todavia, passados todo esse tempo – já passei dos setenta anos de idade – tenho a forte impressão de que nada sei e que é preciso buscar o conhecimento a cada dia, a cada momento da vida, em cada experiência, boa ou má. Mas, é preciso muito cuidado. A nossa verdade não é a verdade, nem a verdade dos outros é a verdade. Quase sempre a verdade é alcançada quando lemos e pesquisamos tudo o que é favorável sobre um assunto e tudo que é desfavorável sobre esse mesmo assunto ou pessoa, ou governante ou regime político. Ou seja, é necessário conhecer os dois lados da questão, do assunto, da pessoa, do regime político, do ato ou atos praticados. Com esse conhecimento, ou seja, tendo lido e pesquisado tudo o que é contra e tudo que é a favor, tirava as minhas conclusões pessoais. Esta é a verdade. Quando assim agimos demonstramos que não fomos influenciados pela demagogia barata dos populistas, nem pela dureza dos extremistas de esquerda ou de direita. 

    Aprendi muito cedo que a verdade não é a verdade de A ou B, mas sim, o resultado do exame e comparação cuidadosa da verdade de A, B e da minha verdade, que me levará à verdade verdadeira, ou seja, à verdade dos fatos. Mas, há também uma tendência geral em admitir como verdade a conclusão e posição pessoal das pessoas que nos são especiais, como se o carinho e respeito que lhes dedicamos desse-nos a certeza de que estão certas em suas convicções. Não, não estão. Contudo, não é assim que funciona. Tendemos a aceitar as ideias de quem gostamos como se dessas pessoas só pudesse fluir verdades e sabedoria. Nem sempre é assim, ou melhor, quase sempre não é assim. Somos o resultado do meio em que vivemos, quase sempre. Se você nasceu e vive numa família cristã, provavelmente você será cristão. Se o seu pai é torcedor do Fluminense provavelmente você será um torcedor do Fluminense, e assim por diante. Como todos sabem, somos produtos do meio em que vivemos.

    Somos influenciados pelas pessoas com as quais convivemos e simpatizamos. Portanto, muitas das nossas convicções não foram escolhidas ou selecionadas por nós, mas, foram impostas pelo meio em que vivemos e/ou influência que recebemos; pelos livros que lemos; pelas pessoas da família que mais gostamos; pelo professor que admiramos. Precisamos tomar cuidado, pois nossa mente é como uma esponja que tudo absorve. A verdade nem sempre está no fundo de um poço sem fundo. Ela pode estar ali, naquele jornal, naquela revista semanal, naquele noticiário da TV, naquele livro. Mas, você é que tem de procurá- la até encontrá-la. E só se conhece a verdade depois de se conhecer os dois lados e chegar a sua conclusão pessoal. A verdade é a sua conclusão pessoal. Você não achou, você a encontrou através do seu esforço pessoal.

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