• A palavra

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  • 19/05/2016 11:53

    A palavra é a arma que o escritor dispõe para se comunicar, tanto para se defender, como para atacar, para se desculpar, ou, simplesmente, para contar uma história. Para o poeta a palavra é mais que isto. É uma pedra bruta que precisa ser lapidada e transformada em jóia. Na língua inglesa, por exemplo, não existe a palavra “saudade”.  E como deve fazer falta. Felizmente, para nossos poetas, a língua portuguesa é bem mais rica. A palavra, quando bem empregada, pode rimar e dizer muito numa curta frase: “A saudade não tem idade.” Quando mal empregada, fere os ouvidos de quem ouve. Isto acontece, por exemplo, quando ela, a palavra, é empregada numa frase sem concordância, quando é exigida no plural e surge no singular, quando usada como sinônimo, provocando redundância.  Nosso vocabulário é tão rico, capaz de fazer com que um romancista perceba, ao concluir sua obra, que não precisou usar grande parte das palavras existentes em nossa língua. Apesar de todo o nosso rico vocabulário, com o nosso complexo de “vira-latas”, como costumava se expressar o grande escritor Nelson Rodrigues, muitos ainda usam e abusam do estrangeirismo, imaginando que um artigo de consumo, ou um espetáculo, sendo ele anunciado em outra língua (inglês, principalmente), será mais valorizado. Enquanto algumas palavras corriqueiras são desprezadas, outras passam a ficar na moda. Sim, existe modismo na nossa escrita. Assim como o inglês não tem uma palavra exata para expressar seu sentimento de “saudade”, nós, brasileiros não encontramos uma palavra exata, no português, para dizer que estamos tirando nosso próprio retrato, vai daí que apelamos para o “self”. Para quem estiver desejando saborear nosso vocabulário, sugiro que leia um romance escrito por Machado de Assis. Além de se deliciar com uma bela obra, você passará a se familiarizar com alguns sinônimos, usados, principalmente, para evitar enfadonhas repetições e redundâncias.

    Existe uma palavra bem conhecida em nosso vocabulário, cujo significado todos entende. Porém, muitos não sabem se posicionar diante dela: se exprime um sentimento definitivo, ou momentâneo. A palavra é “Felicidade”. Procurei, através de um poema, analisar a palavra e como deve ser sentida e interpretada. Eis o poema: “RARIDADE” – Eu procurei a verdade nos livros que folheei. / Eu procurei a bondade nos templos que visitei. / Juro que, felicidade / eu jamais a procurei, / Felicidade é artigo muito difícil de achar. / Quem a tem, guarda-a tão bem, / que nunca sabe onde está.

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