• A Nilo e a meu pai

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  • 18/12/2019 18:10

    A uma semana do Natal de 2019 e a duas semanas exatas para a chegada de 2020, vale um artigo que possa expressar o meu agradecimento a Deus pelas benesses a mim prodigalizadas nesses quase 345 dias que se despedem da vida e incorporando à História todas ações, conquistas, derrotas, enfim, a tudo conferindo o rótulo de passado.

    Posso afirmar que foi muito bom, em termos pessoais, onde o equilíbrio, a coragem, as esperanças de melhorias e mudanças foram reconquistadas, sob acompanhamento trôpego de caminhar mais pesado, fruto dos achaques da idade, que vai, não espera e acrescenta números ao cangote o qual, por isso, se dobra e faz diminuir a altura do corpo, que fora mais alta no registro do certificado de cumprimento do serviço militar.

    Com muita felicidade, estou encerrando 2019 com um fato extraordinário que eu conto para dividi-lo com você que me acompanham.

    No ano de 1967 ocorreu o centenário de nascimento de Nilo Procópio Peçanha, admirável cidadão fluminense e nacional e que foi o primeiro e único presidente do país de ascendência afro-brasileira. Natural de Campos dos Goitacazes, Nilo Peçanha conquistou o respeito e a admiração do país por sua inteligência, capacidade administrativa, idoneidade, liderança inconteste e – o mais importante – o ser um político ético e honesto.

    Para comemorar a efeméride movimentaram-se as lideranças nacionais para as homenagens, cabendo ao Estado do Rio de Janeiro a criação de um concurso literário, de nível nacional, sobre a vida e obra do estadista. Divulgado o regulamento, resolvi concorrer e com apenas 30 dias para pesquisar e criar o texto do livro. Contava eu 32 anos de idade e era funcionário do Banco do Estado do Rio de Janeiro e nada sabia sobre Nilo Peçanha. O vencedor receberia o “Prêmio Governador do Estado do Rio de Janeiro”, que consistia em um bom valor em espécie e a publicação do livro.

    Ajudou-me meu pai, que falecera em setembro de 1959, uma saudade de 8 anos, e que fora o acadêmico titular da cadeira nº 5, patrono Nilo Peçanha, na Academia Petropolitana de Letras, confesso nilista, seguidor e admirador do grande tribuno e político. Por essa afinidade de homens probos, meu pai Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos III, adquiriu o que pôde sobre Nilo: livros, recortes de jornais, revistas e até um exemplar raro do livro “Impressões de Viagem”, de autoria do patrono e produziu seu discurso de posse na aludida cadeira, que intitulou “Nilo Peçanha, vulto inconfundível”.

    Sem sair de minha biblioteca, diante do precioso discurso e do material acumulado, produzi o texto, que foi inscrito em Niterói, no último dia do prazo regulamentar.

    Venci o concurso, recebi o valor do prêmio em espécie e fiquei, até hoje – 52 anos passados – aguardando a publicação do livro. O que nunca aconteceu porque eu enviara únicas 5 cópias, em máquina de escrever e demais vias em papel carbono, nada retendo comigo da obra. Procurei, por anos, lá pelo Estado. Nada existia por lá.

    2017. Eis que aparece uma cópia, em Campos dos Goitacazes, e o Instituto Federal Fluminense, campus Centro, resolve editar o livro. Sou descoberto e firmo um contrato de edição com o dito Instituto, e pronto: o livro está no prelo e será lançado em março de 2020 com grande festa. A conquista desse prêmio literário foi meu passaporte para ingresso na Academia Petropolitana de Letras, da qual – hoje – sou acadêmico decano, com meio século ocupando a cadeira nº 33, patrono Armando Lima.

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