• A luz do fim do túnel

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  • 21/06/2020 00:01

    A esperança do povo não falece, porque está sedimentada na fé, por isso, quando não há mais a quem recorrer na Terra, roga-se por um milagre. A fé nos faz atravessar desertos. Vejo o povo brasileiro em uma travessia sem precedentes em época considerada de paz. As crises se avolumam em várias instâncias: saúde, educação, economia, política, ética…

    Neste momento tão crítico, ainda nos deparamos com os poderes republicanos em conflitos. Exatamente em uma época em que a união de forças se faz tão necessária no combate de uma pandemia, deparamos com desonestidade, vaidades, arrogâncias, prepotências que travam a gestão pública.

    É triste constatar que a máquina administrativa do sistema governamental é movida a propina, inclusive em situações de calamidade, em que o povo mais necessita de ajuda. Por essa razão, a sociedade precisa organizar-se não só em termos de fiscalização do emprego correto dos impostos, como também para estabelecer critérios de prioridades que devem ser obedecidos pelos gestores. E estes devem estar cientes de que o cargo em exercício é para servir a população. No entanto, quando o poder sobe à cabeça, muitos acham que o povo é que deve servi-los. Por isso o voto precisa ser consciente e sem cabresto. Quando o eleitor o vende, perde o direito de exercer uma cobrança mais contundente sobre as ações do candidato eleito que passa a sentir-se dono do erário. Quer tornar privado aquilo que é público. Acha-se no direito de vender até o que é do povo. Quando a prática política cai nesse processo de barganha, esvazia-se os vínculos ideológicos, limita-se à prática do “toma lá, dá cá”. E nesse sistema, quem mais sofre é a população desfavorecida.

    As licitações não eram para ser, mas são os ralos por onde o dinheiro público é levado para as contas privadas em paraísos fiscais. Está comprovado: a corrupção tem sido um dos maiores obstáculos neste momento em que o povo necessita de uma rede hospitalar eficiente para atender as pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. São mais de 48.000 mortos e já foram contabilizados mais de 983.000 infectados por esse vírus letal.

    Hoje, sabendo da realidade vivida nos hospitais, dei-me a incumbência de rogar pela misericórdia divina. Quando ouço a sirene de uma ambulância, peço a Deus forças para os profissionais da área de saúde no combate dessa pandemia. Peço a Deus que o paciente encontre um leito para ser atendido. Peço a Deus para que os hospitais tenham remédios e aparelhos necessários no atendimento. Esse apelo aos céus é feito pelo sentimento de impotência e pela descrença nas promessas dos gestores públicos. Se todo o dinheiro destinado à saúde fosse empregado honestamente, sem desvios, a população não estaria assim à espera de milagres. Não se pode colocar na conta do destino a imprudência, a imperícia, a incompetência, nem a má vontade para oferecer dignamente os serviços que a população necessita. Que os escândalos aflorados no campo político não sejam usados como cortina de fumaça para encobrir a calamidade exposta nos hospitais. Todas as vidas importam, até as dos animais; todas as espécies precisam ser preservadas, até a humana, que mais danifica o planeta.

    Carrego esta esperança no peito, porque não perdi a fé. Para ter a dimensão do deserto que se atravessa é preciso coragem. Por isso cada passo dado na estrada do amanhã exige uma consciência do tempo presente. A luz do final do túnel é gerada pela energia que há dentro de nós. Não tenho dúvidas, precisamos caminhar de mãos dadas. Não necessitamos dos abutres sociais falaciosos. Mas sim desta ternura que sabe colocar a vida acima da economia e o amor acima do ódio. Salve! Salve a Pátria Humana.

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