• A Independência, por René François Moreaux.

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  • 08/09/2016 12:30

    René François Moreaux (Rocroy, França, 1807 – Rio de Janeiro, 1860) chega ao Brasil em 1838, acompanhado do irmão, Luis Auguste Moreaux (Rocroy, França, 1817 – Rio de Janeiro, 1877), igualmente pintor. “Moreaux Sênior” e “Moreaux Junior”, como seriam chamados anos mais tarde, tentaram se estabelecer, sem sucesso, nas províncias de Pernambuco e Bahia. Em 1841, já no Rio de Janeiro, René Moreaux monta atelier na Rua do Hospício (atual Buenos Aires), e passa a produzir obras que mudariam a sua vida. A primeira foi o registro da cerimônia da Coroação e Sagração do imperador d. Pedro II, ocorrida em 18 de julho de 1841. O óleo sobre tela intitulado “O Ato da Coroação de Sua Majestade o Imperador D. Pedro II”, de 1842, foi exibido, com grande sucesso, na III Exposição Geral de Belas Artes, na Academia Imperial de Belas Artes, entre os dias 11 e 19 de dezembro de 1842, e rendeu ao pintor uma premiação, o Hábito da Ordem de Cristo, por decreto de 7 de janeiro de 1843. O reconhecimento imperial não parou por aí, pois, entusiasmado com o registro histórico, o jovem monarca adquiriu a pintura para a sua coleção particular.  Instalado na Sala do Trono no Paço da Cidade, no Rio de Janeiro, no mesmo ano de 1843, o quadro foi transferido para o Castelo d´Eu, residência da princesa d. Isabel e do conde d´Eu na França, por ocasião da Proclamação da República, em 1889, só retornando ao Brasil em 1975 para ser incorporado ao acervo do Museu Imperial.  

    Nos anos subsequentes, “Moreaux Sênior” passa a produzir inúmeros trabalhos mediante encomendas da Família Imperial, instituições e particulares, além de fundar a Galeria Contemporânea e o Liceu de Artes e Ofícios. Neste último, notabilizou-se no cargo de primeiro diretor e professor de desenho. Gozando de significativo prestígio na Corte, e agraciado com outras distinções imperiais como a Ordem da Rosa e a Ordem do Cruzeiro, instala-se na Rua do Rosário, nº 134, endereço que utilizaria até a sua morte, em 1860. 

    Por encomenda do Senado do Império, o artista registra o evento histórico A Proclamação da Independência do Brasil. O óleo sobre tela, medindo 2,44 X 3,83m, figurou na V Exposição Geral de Belas Artes, em dezembro de 1844, sob o título “Declaração da Independência”. O distanciamento cronológico do evento talvez tenha permitido ao pintor “construir” uma visão particular do evento, que conjuga rígidas convenções acadêmicas com a ausência do conflito e, portanto, definindo uma imagética livre das emoções do momento político. Da mesma forma, o contexto da produção da imagem é o do projeto de consolidação da ordem monárquica, após anos de fragmentação política representado pelo período regencial. Assim, René François Moreaux optou por registrar a independência como uma confraternização, uma verdadeira festa popular onde indivíduos de diferentes grupos sociais se abraçam. A celebração tem, ainda, um componente simbólico especial, pois as crianças presentes na cena olham para fora da tela, parecendo fitar o porvir representado no país que nasce naquele exato momento.   

    Oxalá, a visão de René François Moreaux possa inspirar a todos nós na atual celebração do Sete de Setembro.

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