• A história da humanidade

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  • 12/01/2020 12:00

    O homem ainda não encontrou um jeito de viver sem guerra. A história da humanidade é escrita com sangue. O homo sapiens tem se especializado na arte de matar o seu semelhante por motivos fúteis, torpes.

    – Que mérito tem a racionalidade se não consegue pacificar o mundo? Os animais irracionais não se matam por vileza. Eles têm essa vantagem sobre os que se acham pensantes. 

    A morte, embora presente no dia a dia, ainda choca, principalmente pela banalidade. Iniciamos mais uma década com a possibilidade de ver deflagrada mais uma guerra que evidencia a falência dos acordos diplomáticos, quando envolvem interesses das grandes potências. A força, o poder político, a supremacia bélica falam mais alto… 

    O conflito entre os Estados Unidos e o Irã preocupa o mundo, não somente pela questão do petróleo, mas também pelas ameaças do uso de armas atômicas. O pior é que ficamos assim, assistindo a tudo com um sentimento de impotência, lamentando a morte de inocentes e sem entender as atitudes de líderes que defendem apenas seus interesses, sem se preocupar com a vida de jovens que vão à guerra, que são colocados nas linhas de frentes, com fuzis nas mãos, mesmo sem saber os verdadeiros motivos pelos quais estão ali para matar ou morrer. É válido mencionar que há quem lucre com essa irracionalidade, por isso a paz tem este obstáculo: o lucrativo mercado da indústria bélica.

    Qualquer livro de História Geral está recheado de guerras e batalhas. Crianças, adolescentes, logo nos primeiros anos escolares, são obrigados a memorizá-las. Os heróis, em sua maioria, são os patenteados; raros, os soldados. Estes ficam no anonimato da morte. As dores pela ausência deles, são as mães que as carregam no peito. A ideia de morrer pela pátria não lhes serve de consolo. 

    Ninguém atravessa um período de guerra impunemente. Quando a vida é ameaçada, consequentemente, apresenta sequelas. A neurose de guerra não é ficção. 

    Na década em que nasci, o mundo estava envolvido pelo que se convencionou chamar didaticamente de “Guerra Fria”. A dissidência ideológica entre capitalismo e comunismo tinha seus personagens: os Estados Unidos de um lado, em defesa da propriedade privada; do outro, a extinta União Soviética defendendo a bandeira do proletariado na luta de classe. 

    Essa polarização ideológica ficou marcada na guerra do Vietnã, que ainda não saiu da minha cabeça, ou seja, cresci ouvindo notícias de uma guerra que não entendia. Já vi filmes, já li tantos livros sobre ela, mas as imagens ainda residem na minha memória. A indagação continua: – por quê? 

    A imagem da menina chorando com o corpo queimado por uma substância química chamada napalm ainda choca o mundo. Mesmo sabendo que ela tenha sobrevivido e conta a sua história de superação, o impacto do horror daquela guerra ficou na minha lembrança. Encontrei mais razões para entender os jovens que aderiram ao movimento hippie, com a proposta de “paz e amor”, do que nos motivos que conduziram à guerra. A estupidez das bombas está no fato de não diferenciar os culpados dos inocentes. 

    Quando uma mente louca chega ao poder, as possibilidades da deflagração de uma guerra aumentam. A obsessão é o pano de fundo dos conflitos. O homem não consegue fugir de si. A guerra é uma incompetência, o fracasso na condução de conflitos, por isso que vejo a falência da diplomacia diante do belicismo. 

    Antigamente os líderes das nações iam no pelotão de frente para os campos de batalha. Hoje estão nos gabinetes com segurança reforçada. A história só não mudou tanto assim para os soldados. 

     

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