• A família Banal tinha o seu “collezionatore fiscale”

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 03/02/2020 15:03

    Uma das coisas mais interessantes que qualquer indivíduo pode fazer é procurar descobrir as origens dos seus sobrenomes. E foi exatamente isto o que aconteceu comigo, descendente de uma família italiana, originária da região do Veneto, habitada desde a pré-história e hoje em dia espalhados por Verona, Trento, Vicenza, Veneza e até Roma. Depois da sua anexação ao Reino da Itália, houve naquela região, uma intensa emigração  principalmente para os Estados Unidos, Argentina, Brasil e Uruguai. A minha família no entanto  transferiu-se para Roma, onde nasceu meu avô Umberto Banal. Algumas décadas depois é que eles vieram para cá.

    Durante algumas visitas feitas aos meus parentes romanos, notei que existe por lá uma diferença entre os sobrenomes “banal” italiano e o brasileiro. Primeiro que por aqui ela é oxítona e lá é paroxítona. Aqui ela tem como sinônimos as palavras vulgar, comum ou insignificante. Já na Itália, França e Espanha, as “banalidades” eram os tributos da era feudal, pagos pelos servos para a utilização de bens de propriedade do senhor feudal, tais como celeiros, pontes e moinhos. Todos de valores insignificantes. E a nomeação de  Banal era utilizada para identificar o cobrador daqueles impostos de gente simples. Na França ele era o Banal e na Itália ele foi denominado como “collezionatore fiscal”. A palavra Banal virou um sobrenome paroxítona de alguns italianos, provavelmente com uma eventual origem francesa, já que o adjetivo que designa algo como simples ou vulgar na Itália é a palavra “banale”, no singular ou “banali” no plural.

    Um dos meus primos romanos, Elio Banal era o reitor da Universidade de Roma. Ele sabia muito bem disto e era ele quem explicava tudo muito direitinho, também para os meus outros primos brasileiros que também por lá circularam. Hoje a nossa família em Petrópolis é composta por mais de cem pessoas e já se espalha pelas redondezas. Mas nós agora só voltamos à Itália como turistas e sem cobrar impostos. Mesmo que eles sejam considerados como Tasse de basso costo.

    Últimas