• A dura realidade de quem luta contra o tabagismo

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  • 31/05/2017 09:40

    Hoje é comemorado em todo o mundo o Dia sem Tabaco, que neste ano tem como tema “Tabaco: uma ameaça ao desenvolvimento”. A campanha criada em 1987 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é um alerta sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. O consumo do tabaco mata quase 6 milhões de pessoas a cada ano, das quais mais de 600 mil são não fumantes, vítimas do fumo passivo. No Brasil, a campanha é coordenada pelo Instituto Nacional de Cancêr (INCA).

    Além da campanha, o INCA também realiza o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), que, através de ações de prevenção e controle do tabagismo, atua como Centro Colaborador da OMS para o controle do tabaco

    Em Petrópolis, sob a coordenação do instituto, a Secretaria Municipal de Saúde realiza o Programa Municipal Antitabagismo, que, segundo a Prefeitura, está passando por uma reestruturação para a criação de ações efetivas de prevenção e tratamento do vício

    O programa atualmente oferece reuniões de apoio, medicamentos e orientações aos pacientes que buscam tratamento. Os atendimentos acontecem no Centro de Saúde, no Centro, e nos postos de saúde do Itamarati e do Retiro. Em 2016, dos 341 pacientes atendidos pelo programa, 60% pararam de fumar na quarta sessão do tratamento e, nos primeiros quatro meses deste ano, das 113 pessoas atendidas, 62% também pararam.

    Lilian Ottero, coordenadora do Programa Antitabagismo da Secretaria de Saúde, explica a importância do tema da campanha deste ano. “O fumo não causa malefícios só para saúde. Também gera danos à economia das famílias. Os fumantes não fazem essa conta, mas gastam em média R$ 2,2 mil por ano com cigarro. Toda a cadeia de produção também: o solo é sucateado, as pessoas que trabalham com o tabaco adoecem e o cultivo agrava o problema do desmatamento”.

    No Brasil, o tabaco está fortemente relacionado a seis dos dez tumores mais comuns de câncer. Os tipos de câncer que possuem maior relação com o tabagismo são os de pulmão, estômago, e cavidade oral, havendo participação também no do reto, mama e colo do útero. Isso sem falar nos outros danos gerados à saúde, como bronquites, aumento das infecções pulmonares, enfisemas, doenças cardiovasculares e mais de uma dezena de doenças graves.

    Doenças decorrentes do cigarro fazem vítimas todos os dias

    A relação com o cigarro é comum no lar de muitos brasileiros. E muitas pessoas sofrem com o próprio vício ou com a convivência com familiares que passam por essa situação. É o caso da Gisele Cristina Teixeira, de 34 anos, que perdeu o pai adotivo em consequência do fumo. O pai de Gisele, Paulo Tadeu Menezes, fumou e bebeu desde os 14 anos, mas quando seu primeiro neto iria nascer, ele resolveu se internar para recuperar-se do alcoolismo.

    Gisele conta que, depois do tratamento, o pai se recuperou, mas ainda fumava. Infelizmente, logo descobriu um enfisema pulmonar. “ Meu pai sentia muita falta de ar e seu diafragma não era mais saudável. Aí ele resolveu parar de fumar, mas eu bem acho que ele fumava escondido. O problema é que, depois de mais de 40 anos fumando, não havia mais retorno”.

    Depois do diagnóstico, Paulo precisou ficar internado. “O diafragma jamais funcionaria como antes. Ele ficou por 3 anos internado, ia e vinha do SOC ( Sanatório Oswaldo Cruz) para casa. Tornou-se dependente de oxigênio. Vinha principalmente nas datas comemorativas e, quando sentia falta de ar, nós tínhamos que leva-lo de volta”.

    Gisele lembra de um dia marcante em que precisou levar seu pai de volta ao hospital. “Foi em uma das passagens de ano, dia 31 de dezembro, umas 10h da noite. Eu e meu marido fomos chamados para voltar com ele para o hospital mas, chegando lá, meu pai não conseguiu subir a rampa e meu marido teve que praticamente carregá-lo no colo. Meu pai entrou em desespero. Ele se sentia envergonhado por ser carregado no colo pelo genro. Ele me mandou virar e não ver. Assim eu fiz”, contou, emocionada, lembrando que Paulo lutou por 5 anos contra a doença.

    A família ficou marcada pela dor da perda. “Quando meu pai começou a fumar, aos 14 anos, ele não sabia que deixaria marca em seus netos. Não teve retorno. Os anos como fumante levaram a vida dele, aos 54 anos. Nossa história poderia ter sido diferente.

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