• Ex-jogadores relembram e dizem que Palmeiras merecia ser campeão mundial em 1999

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  • 07/02/2021 07:10
    Por Fabio Hecico, especial para a AE / Estadão

    O dia 30 de novembro de 1999 tinha tudo para ficar marcado na história palmeirense. Mas mesmo com uma grande apresentação diante do Manchester United, no Estádio Nacional de Tóquio lotado, o time esbarrou no goleiro australiano Mark Bosnich. E após falha do ídolo Marcos, acabou deixando escapar o título mundial com a derrota por 1 a 0. Um resultado até hoje lamentado por quem esteve em campo. “O Palmeiras merecia aquela conquista”, é a opinião unânime dos comandados de Felipão da época. Agora, no Catar, o clube tem nova chance de ser campeão mundial. A estreia será domingo, contra o Tigres, do México.

    “Infelizmente a lembrança daquele dia não é muito agradável. Mas algumas coisas ficaram, como o gol que não estava impedido, a longa viagem, a concentração no mesmo hotel com o time do Yokohama. Estávamos nos sentindo em casa”, lamenta o atacante Evair, que queria fazer diante do Manchester uma aposentadoria marcante.

    “Na maioria das finais que fiz com o Palmeiras eu decidi e esperava encerrar a carreira fazendo gol naquele jogo, sendo campeão”, seguiu Evair, que entrou somente no segundo tempo. “Se você olhar pelas oportunidades, eles tiveram duas ou três. Nós criamos inúmeras e tivemos um gol mal anulado. Era para ser campeão, mas futebol tem dessas coisas e só restou lamentar.”

    Um dos grandes zagueiros da história do Palmeiras, Cléber fez história com a camisa do clube e, apesar da derrota, recorda com orgulho da final de 1999. “Lembro que anularam um gol legítimo nosso e também do alto número de oportunidades que perdemos”, observa. “Nenhum time na época criou tanto diante do Manchester quanto o Palmeiras. Eles tiveram uma chance e acabamos perdendo”, lamenta. “Fomos muito bem e todos saíram de cabeça erguida.”

    O pensamento é endossado pelo atacante Euller, que viu o Palmeiras realizar um “trabalho perfeito” desde a chegada ao Japão até a hora do jogo. “Fizemos tudo aquilo que foi planejado, tudo, tudo, tudo. A equipe jogou muito bem e durante toda partida tivemos condições de poder reverter o resultado e ser campeão. Infelizmente não aconteceu”, enfatiza. “Diante de tudo o que o Palmeiras apresentou dentro daquela partida, não foi um fracasso. São coisas do futebol.”

    Até hoje, a grande e triste lembrança vem do corte de cruzamento errado de Marcos que resultou no gol de Roy Keane, com 35 minutos de jogo. No ataque, Alex, Asprilla, Oséas e Paulo Nunes perderam chances de ouro. Num segundo tempo com amplo domínio, o Palmeiras pagou caro pelos gols desperdiçados em dia de Bosnich, que fez naquela final um dos maiores jogos da sua carreira, para azar dos brasileiros.

    “Era um goleiro que ninguém conhecia. Entrou e defendeu de tudo”, diz Cléber. Apesar da tristeza, o ex-zagueiro que hoje vive nos Estados Unidos não acha que a perda do título mundial tenha sido um desastre. “Jamais passou pela cabeça dos jogadores que foi um fracasso. Jogamos de igual para igual, até melhor. Apesar da derrota, o torcedor ficou com orgulho de todos nós, jogamos à altura do que esperavam do Palmeiras.”

    Quando aquela decisão completou 20 anos, no fim de 2019, Marcos usou suas redes sociais para lamentar a perda do título por um erro seu. O Palmeiras até conseguiu empatar o jogo com Alex, mas o gol foi equivocadamente anulado. Não havia impedimento.

    “Na mentalidade do brasileiro, perder um título é fracasso, mas jogamos muito bem, tivemos o gol no qual eu dei o passe para o Alex e o japonês (o auxiliar Yoshikazu Hiroshima) anulou erradamente. Ganhamos a Libertadores e estávamos bem, isso tem de ser valorizado e o treinador exaltado pelo trabalho”, afirma Evair, que se mostra otimista para a competição no Catar.

    “A expectativa é a melhor possível. Estou otimista. Tem de passar pelo Tigres primeiro, mas o Palmeiras saberá se comportar”, acredita. “Já contra o Bayern de Munique, o time terá de saber administrar. É uma equipe forte, que vem com uma série de vitórias com superioridade, tem marcação alta, força, é rápida… Isso dificulta.”

    Cléber também confia que o Palmeiras pode voltar do Catar com a taça de campeão mundial. “O time está com um astral muito grande, unido, fechado. Dando o primeiro passo (nas semifinais), deve enfrentar o Bayern e será um grande jogo”, prevê. “E os atletas crescem em partidas dessa grandeza. Vão trazer o Mundial para todos, incluindo os ex-jogadores de 99, e eu ficarei bastante feliz com o bicampeonato”, aposta, ressaltando o título da Copa Rio de 1951.

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