• Dois anos após plebiscito, cavalos e condutores das vitórias têm destino incerto

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  • 07/02/2021 15:56
    Por Luana Motta

    No plebiscito feito em 2018, 117 mil petropolitanos votaram pelo fim das “vitórias” por tração animal em Petrópolis. Na época, a justificativa de muitos era em favor da liberdade dos animais – hoje, em maioria, não se sabe ao certo que destino eles tiveram. Após o decreto de extinção do serviço, já em março de 2019, foram feitas promessas para o impulsionamento do turismo, a possibilidade de levar os animais para um santuário e claro, dar amparo às famílias dos treze charreteiros que trabalhavam com as vitórias. Mas, passados quase dois anos, em meio à pandemia da covid-19, a situação em nada mudou.

    Valmir Garcia de 57 anos, ainda está desempregado. Trabalhou por mais de 30 anos como condutor de charretes por tração animal. “A gente com certa idade não consegue emprego. Naquelas reuniões diziam que a preferência era da gente para as novas charretes. Mas não deu em nada, continuo desempregado fazendo bicos”, disse Valmir. Dos quatro cavalos que tinha, dois ele doou e outros dois vendeu. “Tinha que colocar comida em casa, ou alimentava os cavalos ou minha família. Eu amava meus cavalos, mas não tinha condições”. Nem mesmo a charrete ficou como lembrança. O veículo que foi comprado meses antes do plebiscito por R$ 13 mil foi vendido por R$ 5 mil no ano passado.

    Seu irmão, Adilson Garcia, de 68 anos, está na mesma situação. Ele é bombeiro hidráulico, mas com a pandemia até o trabalho de bico caiu. “Prometeram não deixar a gente desempregado e até agora nada foi decidido”, contou. Adilson disse que também vendeu os animais. Os cavalos que custaram cerca de R$ 5 mil foram vendidos a mil reais. “E nessas vendas eu recebo R$ 50 por mês, não consegui nem vender à vista”, disse.

    Na época, a Secretaria de Assistência Social havia cadastrado as famílias dos charreteiros para ajudá-los com cestas básicas e na reinserção no mercado de trabalho. Nesta semana, a prefeitura informou que a Secretaria de Assistência Social segue cumprindo com o que foi acordado com a categoria na época.

    No último dia 28, o prefeito interino Hingo Hammes anunciou, durante coletiva de imprensa realizada na Casa dos Conselhos, a implantação do serviço de passeio turístico com veículos elétricos em caráter experimental a partir de fevereiro, nos dias de carnaval. No entanto, ainda não há detalhes sobre como será feita essa implantação. O serviço de substituição das charretes por tração animal foi autorizado em dezembro de 2019, por meio do decreto nº 1.029/19. Nele foi aprovada a circulação das “Vitórias Elétricas”, uma espécie de carruagem de estilo vitoriano movida a motor elétrico.

    Em fevereiro do ano passado, a Prefeitura havia afirmado que o Grupo Especial de Acompanhamento, Monitoramento, Adequação e Fiscalização (GEAAF), criado para avaliar o período de transição das vitórias por tração animal, havia determinado um prazo de 12 meses para a implementação do novo serviço de transporte turístico. E a regulamentação que seria feita pela Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), até hoje não foi publicada.

    Na próxima semana, começa a implantação experimental do serviço. Serão feitos testes com outros modelos de veículos como jeeps, tuk tuk e carros antigos. Esse serviço também depende de regulamentação. A fase de implantação vai definir o roteiro turísticos e valores do novo atrativo.

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