• Peculiaridades de antigamente

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  • 05/11/2016 11:45

    Nada como ser de antigamente! Somos, indiscutivelmente, “a testemunha ocular da história”, como propagava, no rádio, Heron Domingues no seu esperado Repórter Esso, Portanto, um detalhe curioso que poucos lembram, era a peculiaridade dos brindes que muitos Bancos distribuíam a seus clientes como cortesia nos fins de anos – pasmem! – Livros de poemas e de música popular – possuo dois: do BMG, um belo livro de velhas canções com escalas de violão e outro, do Lar Brasileiro, com os “melhores sonetos”. Se distribuía cultura a baixo custo, uma modalidade de brinde que poderia ser restaurada, principalmente, de poetas antigos com direito autoral já caducado – existem centenas, que poucos conhecem, mas com trabalhos maravilhosos que, ainda hoje, a muitos encanta. 

    Outro detalhe peculiar sobre a rede bancária é que, naquele tempo, existia uma infinidade deles que, aos poucos foram sendo absorvidos e fundidos com os maiores. Do que sou cliente há 43 anos, tudo fazia para nos cativar, inclusive vendendo as próprias ações financiadas. Era um tempo em que o gerente quase ficava na calçada para pescar clientes. Por outro lado, também peculiar é o fato dos bancos irem se fundindo e nenhum órgão fiscalizador impedir sob alegação de monopólio enquanto indústrias alimentícias caem nesta exigência – o que não dá para entender.

    Mas nos sabonetes, as indústrias também distribuíam cultura, com estampas – as sempre lembradas “estampas Eucalol”, com fatos históricos, enquanto a Lever (atual Lux) distribuía estampas de atrizes de cinema – outra modalidade de propaganda que bem poderia voltar.

    Já na propaganda – rápida e objetiva – demonstravam muito mais criatividade das de hoje que só sabem mostrar mulheres de roupas sumárias para vender de tudo, desde liquidificador a automóveis. Algumas propagandas ficaram famosas como a do Rum Creosotado, feita por Gastão Penalva (Sebastião Fernandes de Souza) para o produto do laboratório de seu pai, Ernesto de Souza – o conhecido “Veja ilustre passageiro, que belo tipo faceiro, que você tem ao seu  lado. No entanto, acredite, quase morreu de bronquite, salvou-o o Rum Creosotado”. E o sabonete Eucalol dizia – “É sempre um prazer renovado usar Eucalol”. E um dos mais objetivos e rápidos era da joalheria – “Jaguarê ou Jaguaré, não importa. Erre no nome mas acerte no endereço”. 

    É, somos de antigamente. De uma época em que os filhos respeitavam os pais e os mais velhos, sem necessitar de qualquer Estatuto – era a educação de berço que ensinava. Hoje existem leis que nada adiantam, se ninguém respeita, que ninguém fiscaliza. Era a época que as famílias, para aliviarem o calor, colocavam suas cadeiras na calçada para jogarem conversa fora. Era a época dos programas de rádio de Cesar Ladeira – “Boa noite para você” – com dicção perfeita. Era o tempo do programa feminino de Sagramor de Scuvero que propiciou a brincadeira – “Não confunda Sagramor de Scuvero com sai amor do chuveiro”. Era o tempo do humor saudável da PRK-30, de Lauro Borges e Castro Barbosa, que a todos imitavam, sempre com  a eterna cantora portuguesa “Maria Joaquina Dobradiça da Porta Baixa” e que cantava “Eu fui ao circo, de cavalinhos, ver os palhaços, a trabalhaar. Mas o que eu vi, foi lá de cima, a trapezista se despencaire… – Bons tempos que deixaram saudade e não se transformaram em lixo cultural!

    jrobertogullino @gmail.com


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