Crônica da desesperança
Um hábito que cultivo desde…desde…desde quando… e sei eu… desde quando?… é escrever algumas linhas, logo após o café-da-manhã… Tem sido assim, confirmo: escrevo algumas linhas para desmelar o cérebro tumultuado pelos pesadelos noturnos, dar nele uma mexida, colocá-lo no rumo conscientemente apto para enfrentar o novo dia e, assim, garantir o melhor proveito do dia, da tarde e da noite, esta que tudo apaga e, durante meus complicados pesadelos, nada constrói.
Pois, muito bem! Escrevo algumas linhas todas as manhãs, sem especificar um tema, preferindo deixar que os miolos ainda sonolentos comandem os dedos que arranham o teclado do notebook. E as palavras vão sendo digitalizadas, todas desejosas de uma expressão clara e objetivando um texto o mais perfeito e atualizado possível.
Eis a minha missão, quase religiosa, de escriba.
Hoje escreverei sobre um tema da área da cultura, que aprecio. Cultura?! Será difícil, impossível, em tempos dessa pandemia. Cultura exige amor, fraternidade, disposição e hoje – olha ai, meu leitor – ninguém pode estar reunido presencialmente para um acontecimento da área. Destarte, sobre o tema, o grau é Zero.
Tentarei dedilhar no frio teclado um poema, o que vier surgindo, porém a cabeça dura do preguiçoso cérebro não cria nada; nenhuma imagem poética se apresenta… Desisto.
Decidido: cairei na temática política… Política?! O que vem a ser política?! Alguém por ai está fazendo política?! … para merecer um esforço meu em comentário? Bem, se política tem a ver com lambança, despreparo, sandice, falta de desconfiômetro, primarismo vergonhoso, caráter nenhum, ai, sim caberá escrever uma substanciosa crônica.
Em nosso país política significa vergonha nenhuma, despudor total, despreparo crônico, um vai-e-vem de personalidades que habitam os lixões da pior e mais fétida sucata chorumenta. Não contaminarei meu texto com tanta sandice e falta de vergonha absoluta.
E complemento: se o tema da crônica for política no Brasil, não haverá texto porque isso que andam fazendo por ai é uma palhaçada, uma falta de respeito ao povo, uma sandice repetida e repetida e repetida até à loucura.
Aquecerei as mãos, que dobro e estico, e começarei a escrever uma crônica sobre as riquezas do Brasil…
Nada disso! Chega! O pulmão do mundo, como denominam a amazônia ai fora, carece de oxigênio nos hospitais dos estados do norte brasileiro…
O pulmão do mundo está sem ar e assistindo ao global desmatamento de nossa floresta com total apoio e ação dos políticos de plantão.
Então, falar sobre o quê?! Escrever sobre o quê?! Perder tempo? Não e não! “Tô fora”…