CNI: pressionado por alta de insumo e matérias-prima, custo industrial sobe 8,6%
O Indicador de Custos Industriais cresceu 8,6% no terceiro trimestre de 2020 na comparação com o trimestre anterior, pressionado pela alta do custo de insumos e matérias-primas. O dado, divulgado nesta quinta-feira, 28, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), é o maior aumento já registrado na série histórica que teve início em 2006.
A alta do índice acendeu um sinal de alerta na indústria, segundo a entidade, porque a série recente mostra o aumento crescente dos custos relacionados aos bens intermediários nacionais e importados. Esses itens tiveram alta de 5,3% no terceiro trimestre de 2020, depois de um incremento de 6,2% no trimestre anterior.
“O aumento do preço de insumos e matérias-primas começou devido às circunstâncias da pandemia. Nossa preocupação é com o caráter persistente desses aumentos”, explica o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
A entidade destaca ainda que o custo com bens intermediários nacionais cresceu progressivamente em 2020 e a tendência é que esse aumento persista no resultado do quarto trimestre do ano passado e em 2021.
A CNI também destaca que uma parte dessa alta do indicador se deu em razão de um ajuste em relação ao segundo trimestre do ano passado, quando muitos custos da indústria haviam caído de maneira transitória em razão das medidas adotadas pelo governo para mitigar os efeitos econômicos da pandemia. Um exemplo disso é o custo tributário, que teve alta de 34% no terceiro trimestre de 2020. No entanto, o trimestre anterior, ressalta a CNI, havia sido atípico para a arrecadação tributária.
“No primeiro ciclo da pandemia, houve o adiamento do pagamento dos tributos e esse terceiro trimestre foi quando as empresas começaram a fazer esses pagamentos e nós tivemos uma carga excessiva de impostos que pesou bastante”, justifica o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.
Outros custos que caíram de maneira temporária e voltaram a subir no terceiro trimestre do ano passado foram com energia, que teve alta de 5,2%, e o custo com pessoal, que registrou incremento de 4%. Esse aumento com o custo com pessoal está relacionado com a queda do número de acordos de redução de jornada e salário ou de suspensão do contrato em vigor. Além disso, destaca a CNI, houve um crescimento da folha de pagamentos impulsionado pela abertura de quase 400 mil postos de trabalho formais pela indústria no terceiro trimestre.
Já o indicador que mostra o custo com capital, medido pela taxa de juros para capital de giro, atingiu no período o menor nível da série histórica e caiu 11,7% em relação ao segundo trimestre de 2020. O custo com capital de giro acumula queda de 23% nos três primeiros trimestres do ano passado. “O custo de capital se manteve em queda ao longo de 2020, respondendo às medidas anticrise postas em práticas pelo Banco Central, pelo governo federal e pelo Congresso Nacional”, destaca a CNI.