Obra às margens do rio preocupa petropolitanos
Uma obra às margens do Rio Paulo Barbosa, na Rua Mosela, preocupa os moradores e comerciantes da região. Isso porque um muro de gabião está sendo construído bem à margem do rio num local conhecido por sofrer alagamentos durante as chuvas de verão.
A obra fica na Rua Mosela, próximo à esquina com a rua Major Sérgio, bem ao lado de uma escola pública. O muro faz parte de uma contenção e tem cerca de 15 metros de extensão. A grande preocupação dos moradores é com relação às enchentes. “Esse trecho da Mosela é um local que registra muitos alagamentos. Isso porque o rio desce lá de cima com muita pressão, e quando chove é muita água para um espaço pequeno, que acaba não dando vazão. Com esse muro estreitando a margem, a vazão vai ser menor ainda, ou seja, até com as chuvas mais calmas pode ter alagamento. Imagine só quando cair um temporal daqueles? Vai ser muito tenso”, explicou Roberto Dias Peixoto, que mora e trabalha no bairro.
A preocupação é tanta que o advogado Roberto Albuquerque, morador da Mosela há mais de 30 anos, decidiu entrar com uma representação no Ministério Público, e também com uma denúncia ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea). “Nosso bairro tem um histórico de enchentes nas temporadas de chuvas. Já vi cenas de carro ser arrastado pela correnteza aqui na rua principal. Imagina com essa obra estreitando toda essa curva do rio? É muito perigoso. Não se pode fazer isso. Não tenho nada contra a obra, o problema é esse estreitamento”, disse.
Os comerciantes temem a chegada do calor. “Eles estão dizendo que o muro não estreitou o rio. Pois bem, havia um descampado antes, que era refúgio para a água que não conseguia passar pela curva do rio devido à vazão. Agora, com essa muro, vamos ver no que vai dar. O meu maior medo é a chegada do verão, porque sabemos que chove muito e que isso tudo alaga. Considero isso como um agravante”, disse um comerciante que preferiu não ser identificado.
Ao lado de fora da obra, não consta licença ambiental fornecida pela prefeitura. O serviço é realizado por uma construtora particular, e a obra pertence à uma rede de supermercados da cidade.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) disse que vistoriou o local e que vai avaliar a questão relacionada ao muro. Enquanto isso, nenhuma intervenção poderá ser feita. Além disso, os responsáveis deverão ser autuados.
Já a Prefeitura de Petrópolis, disse por meio de nota que as obras foram devidamente licenciadas pelo município (incluindo a intervenção citada) e esclareceu também que no trecho onde foi feito o muro de gabião já existia outro muro. “O muro de gabião apenas foi feito para garantir maior sustentação da margem naquele trecho, uma vez que, após entrega de estudo de impacto viário, o município exigiu a criação de recuo para ponto de ônibus, possibilitando o embarque e desembarque de passageiros fora da pista de rolamento”, diz a nota. O órgão alegou que não houve mudança de curso ou redução da faixa do rio, o que exigiria licenciamento também do Inea. “A Prefeitura lamenta que, enquanto o governo municipal trabalhe no sentido de simplificar a vida do empresário e fomentar a geração de emprego e renda, o Estado siga buscando impedir que a cidade cresça e se desenvolva”, concluiu o órgão.
O empreendimento que será instalado no local está em fase final de construção e vai gerar 210 novos empregos.