Dez anos após a tragédia do Vale do Cuiabá, 47 famílias ainda aguardam moradia
A maior tragédia climática ocorrida no Brasil, que deixou quase mil mortos nas cidades da Região Serrana do Rio de Janeiro, completa 10 anos na segunda-feira (11). Uma década após o temporal, que atingiu o Vale do Cuiabá e localidades do entorno, em Itaipava, ainda há 47 famílias aguardando por moradia. Essas pessoas estão cadastradas no programa do Aluguel Social do governo do Estado e recebem um benefício mensal de R$900.
Na época da tragédia, a promessa do governo Estadual era entregar 340 casas para as vítimas que seriam construídas com recursos da União. As moradias seriam erguidas em dois terrenos: um na Mosela, onde seriam erguidas 220 unidades e outra em Itaipava, com 120. Nenhuma delas foi construída e os terrenos nunca foram usados pelo Estado.
De acordo com os números da Prefeitura de Petrópolis, 187 famílias perderam suas casas e ficaram desabrigadas em janeiro de 2011. No entanto, os primeiros imóveis só foram entregues dois anos depois, para cerca de 24 famílias. As moradias foram construídas por iniciativa do Instituto da Criança. A entidade criou o projeto Nosso Cuiabá e com a ajuda de entidades privadas realizou as obras.
Em 2014, mais 50 casas foram entregues pelo governo do Estado. Elas foram erguidas no mesmo terreno onde o Instituto da Criança ergueu as primeiras 24 unidades. Nesta segunda fase, o Estado investiu R$ 4,7 milhões, sendo R$ 3 milhões da Secretaria de Obras e R$ 1,7 milhão do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
O aposentado Francisco Jorge Firmino de 84 anos é um dos moradores desses imóveis entregues pelo Estado no Vale do Cuiabá. Viúvo, ele tem oito filhos, 14 netos e bisnetos. Antes de se mudar para o imóvel, ele viveu com parentes no Vale das Viveiras até conseguir o aluguel social.
“No dia estava deitado e recebi uma ligação de uma prima dizendo que estava chovendo muito, mas não imaginei o que estava por vir. Aí um vizinho me chamou, quando sai do quarto a cozinha já estava alagada. Nunca vi na minha vida coisa igual. Nós temos que primeiro agradecer a Deus por estar bem”, disse. Francisco não perdeu ninguém da família no dia da tragédia, mas o filho (na época com 50 anos) morreu dias depois de leptospirose, após se infectar com a água do rio no local da tragédia.
No ano passado, oito anos após a tragédia do Vale do Cuiabá, o governo federal, por meio da Caixa Econômica Federal (CEF) e a Prefeitura de Petrópolis entregaram moradias para 141 famílias. Os imóveis estão no Condomínio Habitacional do Vicenzo Rivetti, no Carangola.
O temporal do dia 11 de janeiro de 2011 deixou um rastro de destruição por pelo menos 10 quilômetros entre a Estrada de Teresópolis (Philuvio Cerqueira) e o Vale do Cuiabá. O “tsunami” como chamam as vítimas, arrastou árvores, pedras, veículos, casas, pontes e pessoas. A tragédia deixou 74 mortos e 30 ainda estão desaparecidas.