Estudante de barbearia emociona com ação solidária de corte de cabelo no Centro Histórico

Com uma máquina de cortar cabelo nas mãos, avental e muita vontade, o jovem petropolitano Ramon André emocionou quem passou pela Praça Alcindo Sodré, no Centro, nesta terça-feira (15). Há três meses estudando no ramo de barbearia, o futuro profissional está ajudando a resgatar a autoestima de pessoas que estão pela rua.

A missão ele herdou do avô, que também cortava cabelos. Das experiências nos encontros de fim de ano, o jovem de 28 anos relembra com carinho do jeito que a inspiração trabalhava. “Eu era o único neto que prestava atenção nisso. Olhava muito atento! Meu avô faleceu em 2012, vítima de um AVC, e eu não tinha um direcionamento de carreira ainda. Pensei em muitas coisas, até que decidi resgatar essa vocação e fui procurar um curso. Então eu conheci o projeto do morro, pertinho da minha casa, gratuito e com possibilidades para que eu pudesse realizar o sonho”, diz. 

O petropolitano, que é morador da Rua 24 de maio, diz que se encontrou ao conhecer a iniciativa. Religioso, ele considera que o que para muitos poderia ser obra do acaso, para ele, ajudar o próximo foi uma inspiração divina. “A gente tem uma ação social no dia 21. Só que eu confundi e achei que fosse ontem. Aí, no caminho, voltando, eu estava conversando com Deus e Nossa Senhora, quando disse: ‘onde vocês me levarem será bom’. Cheguei ao Centro e, na Igreja do Rosário, vi um senhor, perguntei para ele: ‘quer que eu corte seu cabelo?’ e aí fui cortar. Ao terminar, ele ficou parado, emocionado, e disse que há quarenta anos não tinha coragem de procurar um barbeiro, pois a depressão tirou sua vontade. Ver a felicidade daquele homem foi incrível”, contou. 

E ele não parou por aí. Foi para a Rua 16 de Março, cortou o cabelo de dois vendedores de bala e de mais uma pessoa que estava na rua. “Todo mundo ficou me olhando. Alguns até se espantaram. Mas o que importa é que vale a pena você fazer o bem. Vale tudo pra gente ser feliz. Nunca imaginei essa repercussão. Fui pra casa hoje e, no meu bairro, as pessoas estavam batendo palma pra mim. Pretendo continuar a fazer isso. Quero ser barbeiro e mostrar pra jovens que vale a pena sonhar. Querer! É sobre não parar de sonhar”, relata. 

Idealizador do projeto do Morro, Bruno Gonçalves foi quem registrou a ação na manhã desta terça-feira em Petrópolis. Ele se mostra emocionado por ver o legado deixado pelo trabalho na cidade. “Passei de carro e vi o Ramonzinho ali. Parei e tive que mostrar a ação. Oferecemos o curso gratuitamente e sempre recomendamos que eles também retribuam isso de alguma forma à sociedade. Ver ele ali por iniciativa própria, sem buscar se promover, ter status ou coisa do tipo, mexeu muito comigo. Achei uma atitude linda! Fico orgulhoso demais em ver esse tipo de ação feita pelos nossos alunos”, pontua.

Com a missão de fazer o bem ao próximo, Ramon ainda precisa de uma máquina de acabamento para aperfeiçoar o seu trabalho e de uma bateria para o seu telefone celular, que o ajudaria a se comunicar com as pessoas. Os interessados em ajudar podem entrar em contato pelos telefones (24) 99201-2972 ou (24) 98833-5161.

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