• Não discuta gosto, mas bom senso, sim

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  • 08/09/2016 12:30

    Decididamente, gosto nunca se discute diante de tanta “criatividade” – ou seriam aberrações? – mas, realmente, não se pode discutir. Por outro lado, em tudo que se faz é, imprescindível, que haja sempre um mínimo de bom-senso para que não se transforme em “aberrações”.

    Olhemos nossa bela cidade de Petrópolis, com tantas construções de mau gosto escandaloso, mas o que fazer se a liberação de uma obra não pode ser avaliada pela sua estética pelos órgãos públicos, senão, seria cerceamento de liberdade ao gosto de cada um. E para se dar um exemplo de tais aberrações, que agridem o visual, é o caso do Liceu Municipal (se não me falha, construído na gestão de Cordolino Ambrósio), sobrepujando e agredindo o belo visual da Praça Visconde de Mauá com seu Palácio Amarelo ao fundo. É de dar arrepios!

    Agora nos surge outra aberração mas mais fácil de corrigir – os corrimãos “brancos, de grosso calibre”, colocados na bela casa tombada da praça D. Pedro II, que contrasta agressivamente com seu entorno de grades delicadas e estéticas, na cor cinza-ferro e, pelo que deduzo, originais. Até quando teremos que aturar tais descasos com o bem público, além dos inúmeros anônimos que picham e emporcalham a cidade, numa atitude de vandalismo e desrespeito pernicioso ?

    Aliás, o imóvel conhecido como “Casa de Paula Buarque”, de propriedade da CEF, ficou por muitos anos abandonada, se deteriorando, até que, recentemente, foi restaurada, sendo voz corrente de que seria uma nova filial da lanchonete McDonald´s, fato que não se concretizou. Agora é anunciada como futura agência do banco HSBC – e a dúvida fica – de quem seria a autoria dessa nova afronta à nossa Cidade, como cartão-postal de fundo do belo monumento a D. Pedro II? – Uma ausência de total bom-senso!

    Um fato curioso que ninguém tomou conhecimento, nem a imprensa, é que, há 7 ou 8 anos – antes da restauração, foi apresentado um projeto ao setor competente da CEF, propondo sua transformação no novo Silogeu Petropolitano, para abrigar no andar superior as diversas entidades culturais da cidade, como o IHP e as academias de Educação, de Letras e de Poesia. E no andar térreo, um espaço para a Secretaria de Turismo, para informações, uma loja de “suvenires” da cidade, uma livraria para exposição dos trabalhos das diversas academias, uma biblioteca aglutinando livros de todas as entidades para consulta da população e uma casa de chá. Tudo estudado com muito cuidado que, aliás, bem impressionou  o gerente que recebeu o projeto, para encaminhamento ao devido setor na matriz. Infelizmente, a entidade nenhuma atenção deu ao assunto pois, nem uma simples resposta de recebimento foi levado a efeito, como determina a postura de uma empresa de tal porte. Cópia do projeto também foi  apresentada à Prefeitura Municipal, para adiantar, sendo recusada.

    Um projeto sério para divulgar  a cultura da cidade, tudo elaborado com carinho e responsabilidade pela acadêmica Vera Abad, então vice-presidente da ABP. Lamentavelmente, não prevaleceu a importância das quatro entidades, o que poderia redundar num ponto turístico-cultural, uma vez que a Academia de Poesia representa a primeira e única no país, pelo que consta, dedicada ao segmento poético. Por outro lado, o assunto poderia ter sido apoiado na Lei Rouanet, caso seus integrantes fizesse parte da panelinha tão fechada do MinC que valoriza mais o popular.

    jrobertogullino@gmail.com


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