• Covid-19: pesquisadores pedem recuo da flexibilização no Rio

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  • 01/12/2020 16:21

    O avanço da pandemia de coronavírus no Rio de Janeiro levou pesquisadores do Grupo de Trabalho Multidisciplinar para o Enfrentamento da Covid-19, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a recomendarem medidas urgentes para conter o número de de casos, óbitos e internações verificado em novembro.

    A ampliação do número de leitos e da testagem, o fechamento das praias, a suspensão de eventos e a limitação do horário de funcionamento dos estabelecimentos, com fiscalização rigorosa estão entre as orientações.

    “No Brasil, assistimos ao aumento acelerado de casos, sem ter ocorrido o término da primeira onda. Os dados sugerem uma nova onda sobrepondo-se à primeira. Isso torna  o problema mais grave e complexo. A população está há mais de oito meses com restrições de mobilidade. No entanto, muitos, especialmente os mais jovens, têm se aglomerado em festas, bares, praias e outros eventos sociais. O processo eleitoral, fundamental à democracia, também gerou aglomerações. Atualmente, a mobilidade no estado do Rio de Janeiro tende a se aproximar daquela de antes da decretação do  isolamento social”, avalia nota técnica assinada pelo grupo.

    Os especialistas ressaltam que declarações de autoridades afirmando que não haverá recuo na flexibilização agravam o problema.

    Lockdown

    As recomendações incluem a avaliação de um decreto de lockdown [confinamento rigoroso] caso o cenário epidemiológico da doença se mantenha ou se agrave. Os cientistas consideram que a situação do município do Rio é muito preocupante, já que há um aumento sustentado de casos desde 10 de outubro. O documento acrescenta que o número de testes positivos de covid-19 no Centro de Triagem e Diagnóstico (CTD) da UFRJ também cresceu de forma sustentada desde outubro.

    “Como reflexo disso, existe grande sobrecarga nas emergências dos hospitais e das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). O risco de ocorrerem óbitos sem que o paciente seja internado é elevadíssimo. São dados extremamente preocupantes. Estamos evoluindo em curto período para o colapso da rede de assistência aos  pacientes, especialmente os mais graves”, alerta o documento.

    As recomendações relacionadas ao serviço de saúde são a abertura imediata de leitos hospitalares, a contratação de profissionais e a aquisição de equipamentos e insumos para esses leitos, a realização de testagem por RT-PCR de todos os casos suspeitos e o rastreio e isolamento de quem teve contato com os casos confirmados.

    Os pesquisadores recomendam ainda o reforço das campanhas sobre as medidas preventivas e a ampliação da oferta de transporte público, que a nota técnica considera provável foco de disseminação do vírus.

    Em relação às medidas de flexibilização, os especialistas consideram que é preciso fiscalizar rigorosamente estabelecimentos abertos e limitar seu horário de funcionamento, o fechamento das praias e a suspensão imediatas de eventos sociais, esportivos e culturais.

    Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Estado de Saúde respondeu que não há novas decisões tomadas a respeito do isolamento social. Já a Secretaria Municipal de Saúde respondeu que a prefeitura do Rio “permanece em atenção máxima, com monitoramento constante da evolução dos casos e do comportamento da doença na cidade e no mundo, para tomar as decisões”.

    Está marcada para esta quarta-feira (2), nova reunião do conselho científico da prefeitura, e novas medidas em relação à flexibilidade poderão ser tomadas, segundo a secretaria. Além disso, prefeitura e governo do estado tem negociado a ampliação de leitos nas unidades municipais. 

    “A Prefeitura do Rio foi o ente que mais abriu leitos para o combate à covid-19 na rede SUS da capital e a única que mantém um hospital de campanha em funcionamento no Riocentro e uma unidade de referência, o Hospital Ronaldo Gazzola. Somente nas duas últimas semanas, foram abertos na rede municipal 37 novos leitos de UIT para covid-19. Os hospitais da prefeitura têm hoje 918 leitos para tratar a doença, sendo 288 leitos de UTI”, diz a nota.

    Sobre as estruturas para o diagnóstico da doença, a prefeitura afirmou que criou 11 centros de imagem com tomógrafos, que realizaram mais de 13 mil exames. “Além disso, mais de 230 mil exames – entre PCR e teste rápido – já foram feitos”.

     

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