Operação desarticula novos núcleos do esquema de arrecadação de propina na Receita Federal no Rio
O Ministério Público Federal (MPF) realiza nesta quarta-feira (18), em conjunto com a Polícia Federal (PF), a Corregedoria da Receita Federal e o Escritório de Pesquisa e Investigação da Receita Federal (ESPEI), a operação Armadeira 2, desdobramento de operação deflagrada em outubro de 2019 com o mesmo nome e cujo objetivo foi desarticular esquema criminoso de arrecadação de propina no âmbito das fiscalizações fazendárias federais no Estado do Rio de Janeiro.
O prosseguimento das investigações foi possível após a operação Armadeira, graças à colaboração premiada firmada com um dos auditores-fiscais investigados na primeira fase, que revelou detalhes do funcionamento do esquema de arrecadação de propina no âmbito da Superintendência da Receita Federal na 7a Região Fiscal, nas suas mais diversas ramificações, inclusive com a participação de servidores federais que ocupam postos estratégicos na Receita Federal do Brasil, bem como de contadores e empresários.
Após a deflagração da primeira fase da Operação Armadeira, o MPF deu seguimento às investigações criminais, principalmente com o apoio de levantamentos feitos pela Corregedoria da própria Receita Federal, que seguiu paralelamente na apuração administrativo-disciplinar do caso. Com o compartilhamento do resultado das medidas cautelares autorizadas judicialmente com o órgão correcional da RFB, foram produzidos relatórios que apresentam indícios veementes da prática de corrupção e de lavagem de capitais pelos Auditores-Fiscais investigados. Esses relatórios, ao lado de diversos outros elementos colhidos pelo MPF no curso das investigações, corroboram sobremaneira os graves fatos relatados pelo colaborador.
Na manhã desta quarta-feira, estão sendo cumpridos 46 mandados de busca e apreensão em empresas e residências de envolvidos no esquema, auditores federais, empresários e contadores.
Supermercados – Entre os alvos da operação Armadeira 2, estão empresas de cigarros e bebidas, além de duas grandes redes de supermercados que se beneficiaram do esquema por serem objeto de fiscalização da Receita Federal pela suspeita de compra de notas frias para obtenção ilícita de créditos tributários, com consequente redução de pagamentos de impostos.
Uma das redes contava com a intermediação de um auditor-fiscal aposentado que presta assessoria ao grupo, com indícios de pagamento de propina desde 2007. A outra rede, com um contador que, de acordo com as investigações, possui íntima relação com Auditores-Fiscais integrantes do esquema.
Em razão dos fortes indícios da prática de atos de corrupção e de lavagem de dinheiro, a 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro determinou o bloqueio de bens dos investigados no montante total de R$ 519.851.578,24. E, em relação aos auditores-fiscais na ativa, determinou o imediato afastamento do cargo, como forma de acautelamento da ordem pública, evitando o prolongamento do pernicioso esquema enraizado no âmbito do Órgão Fazendário Nacional no Rio de Janeiro.