Recompor 30% de áreas degradadas pode salvar 71% de espécies da extinção
Recuperar 30% dos ecossistemas degradados do planeta pode impedir a extinção de 71% das espécies que desapareceriam nas próximas décadas. A restauração dessas áreas também pode retirar 466 bilhões de toneladas de gás carbônico do planeta, o que corresponde a 49% do acumulado desde a Revolução Industrial. A conclusão é de um estudo global encomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e executado por 27 pesquisadores de 12 países.
Os resultados da pesquisa, liderada por um pesquisador brasileiro da PUC do Rio de Janeiro, foram publicados na revista Nature. Os pesquisadores investigaram quais regiões degradadas do planeta devem ser priorizadas para que os benefícios sejam maximizados e os custos reduzidos. Durante o estudo, os cientistas consideraram três fatores: a preservação da biodiversidade, a retirada de carbono da atmosfera e os investimentos financeiros.
“Definir essas áreas prioritárias é importante porque, dependendo de onde a restauração acontece, os resultados podem ser bastante diferentes”, afirmou o pesquisador Bernardo Strassburg, brasileiro que liderou o estudo.
“Essa ação não prejudicaria a agricultura. Podemos recuperar até 55% das áreas degradadas do planeta e ainda manter a produção agrícola atual, provavelmente com vários impactos positivos como conservação da água, solo e melhor polinização”, completou.
No total, 2,9 bilhões de hectares de terra são passíveis de restauração. Todos os continentes, biomas, florestas e desertos abrangem áreas prioritárias. Recompor a Mata Atlântica, em especial, é bastante importante. “Seja para salvar as espécies da extinção ou para mitigar mudanças climáticas, e em particular para ambos simultaneamente, a Mata Atlântica é especial. Grande parte dela está na zona de alta prioridade de restauração da nossa escala”, explicou o pesquisador. O Cerrado, o Pantanal e a Amazônia também são áreas prioritárias.
“A ONU declarou que 2021-2030 será a década da restauração ecológica. Esse é o momento para voltarmos a discutir novas metas para os países”, concluiu Strassburg.