• A polêmica do avatar do facebook

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  • 14/10/2020 09:50

     

    Esta semana o Facebook liberou a possibilidade de o usuário visitar uma galeria de personagens e lá montar um bonequinho com algo que aparentasse suas feições. Uma identidade visual virtual. Um avatar. Pronto! Bastou o uso desse vocábulo para alarmar a muitos que interpretaram a brincadeira – que teve grande adesão – como coisa anticristã, do mal mesmo.

    É que a palavra “Avatar” designa uma crença do hinduísmo, pela qual uma das divindades, Vishnu, se manifestaria em forma corpórea por intermédio de avatares, com aspecto humano ou animal. O cristianismo – e convém deixar claro que sou cristão batista -, a par de acreditar na manifestação corpórea da divindade pela encarnação de Jesus Cristo, acredita na existência de um mundo espiritual. Neste mundo espiritual, existe o bem e o mal. O bem seriam entes celestiais, como anjos e arcanjos que, na Bíblia, episodicamente se manifestaram visualmente no mundo físico, de modo aparentemente corpóreo. O mal seriam demônios, anjos caídos, que igualmente poderiam se externar no mundo corpóreo, inclusive “possuindo” corpos físicos. Manifestações espirituais não cristãs são identificadas como oriundas de revelações demoníacas. Os avatares de Vishnu aí se enquadrariam. Por isso, o pânico de certos segmentos.

    Eu respeito as convicções espirituais das pessoas. Entendo seus receios e cautelas. E aceito que brincadeiras no mundo espiritual podem ter consequências nefastas. Mas no caso do avatar do Facebook, me parece, nada disso está dado. Ninguém vai ser tomado por um demônio ou vai abrir a guarda para o mal, porque fez um avatar no Facebook. Não esqueça que, no hinduísmo, o avatar é alguém que “recebe” (encarna) uma entidade. Você não está recebendo (encarnando) nada, ao fazer um avatar. Você está transferindo alguns caracteres seus não para uma pessoa de carne ou mesmo para algum ser espiritual. Os está “transferindo” para um bonequinho que vai te representar. Um emoji mais caprichado, um sticker, se você quiser.

    O avatar, no mundo da informática, já há muito tempo fez a palavra perder qualquer conotação religiosa, quando aplicada neste campo específico, que é muito amplo. Por isso, com todo respeito a opiniões divergentes, inclusive de pastores que respeito e admiro, acho um exagero querer atribuir conotações espirituais negativas ao brinquedo do avatar ao qual muita gente aderiu.

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