Pesquisa aponta redução na utilização dos ônibus
Um levantamento feito pela Associação Nacional de Transporte Urbano (NTU) mostra que o número de usuários de ônibus como transporte público no ano passado teve uma redução de pelo menos 9% ao mês, durante todo o ano com relação a 2014.
Os dados mostram que o número de passageiros transportados caiu de 382,3 milhões para 347,8 milhões. Tendo esses números como base, estipula-se que 3,22 milhões de passageiros deixaram de usar ônibus como transporte público no dia a dia.
A explicação para essa redução tão significativa, que não vinha acontecendo nos últimos anos, pode ser o aumento do índice do desemprego, provocado pela forte crise econômica que assola o país. “Estamos atribuindo isso à crise vivida no Brasil, ao índice de desemprego, à inflação alta e principalmente à falta de investimento no setor de transporte”, disse o presidente da NTU, Otávio Cunha.
A Associação diz ainda que os passageiros não estão substituindo o ônibus por outro meio de transporte, mas simplesmente deixando de utilizar os coletivos do sistema de transporte público. Na maioria dos casos, segundo a NTU, os usuários estão deixando de utilizar os ônibus para deslocamentos não essenciais, buscando assim outros meios de locomoção.
Nas ruas de Petrópolis, muitos passageiros não acreditaram na pesquisa. Uma jovem que mora no Centro e estuda no Bingen disse que não percebeu essa redução. “Aqui os ônibus só andam lotados. Eu acho que em Petrópolis isso não aconteceu, ou então a frota foi reduzida. Porque eu utilizo o sistema de transporte urbano da cidade há pelo menos três anos e não percebi nenhuma mudança com relação a esvaziamento dos ônibus. Se isso aconteceu foi imperceptível”, relatou Mariana de Azevedo Hoelz, de 24 anos.
Nos horários de pico na Cidade Imperial os pontos próximos a escolas e universidades, assim como os terminais de integração, costumam ficar superlotados. E esse tumulto na hora de sair do trabalho e pegar a condução para voltar pra casa acabou sendo o principal motivo que levou Gustavo Luiz Morone, de 30 anos, a buscar uma maneira alternativa para voltar pra casa. “Eu moro em Pedro do Rio e faço faculdade na Estácio. Depois da aula vou para o meu trabalho. Então quando saio já estou muito cansado, não me aguentando em pé. Aí eu chego no ponto de ônibus no Centro e o ponto está lotado, com a fila enorme. O ônibus demora muito por conta do trânsito. Então comecei a vir alguns dias de carro. No entanto, o preço da gasolina e dos estacionamentos não me permite fazer essa aventura diariamente”, revelou. Foi aí que Gustavo combinou com mais três amigos e decidiu dividir o valor da gasolina e dos outros custos para que pudesse vir de carro para o Centro da cidade todos os dias. “Eu dividi tudo com o Marcelo, o João e o Guilherme. Nem sempre a gente entra e sai no mesmo horário, mas é muito mais fácil um esperar o outro e ir de carro do que ficar na fila mofando horas e horas sem conseguir embarcar num ônibus”, detalhou.