• Sem dilemas na rede

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  • 26/09/2020 00:01

     

    Não assisti ainda ao doc (O Dilema das Redes) sobre as redes sociais, e não devo assistir tão cedo. Primeiro porque o tema sempre esteve em meus interesses e vim me informando ao longo do tempo, e depois, foi meu objeto de estudo específico há um ano e pouco. Mesmo que não conheça tudo, me informei o bastante para saber dos perigos e armadilhas. E da grande arma de manipulação de vontades, com danosos usos políticos (como se viu no Brexit, na eleição de Trump, e na de Bolsonaro). Mas podemos fazer pouco, enquanto indivíduos, a não ser reduzir nossa ingenuidade nas redes.

    Daí, acho legal divulgar os hábitos que cultivo na Internet, seja em redes sociais ou aplicativos.

    Não saio vendo o filme da moda às pressas. Sempre cultivei o hábito de não me pautar pelo “best-seller”. Só lia o livro da moda quando ele coincidia com algum interesse meu pré-existente. Fora isso, lançou hoje, entra na fila.

    Não ativo a localização geográfica do aparelho. Quando necessário (GPS, Uber, etc), permito a localização para desativá-la em seguida.

    Não aceito notificações automáticas. De nada. Quando eu quiser vou lá e vejo o que me interessar. Meu celular não apita o tempo todo. Só na função telefone mesmo.

    Jamais acesso algum site ou aplicativo usando o log de outro. Por exemplo, jamais participo de joguinhos que pedem acesso pelo Facebook. Para jogar xadrez on-line, por exemplo, uso o “lichess.org”, que não pede instalação de nada, nem log, nem cadastro.

    Deleto todos os aplicativos que não me interessam. E são dezenas!

    Jamais abro anexos vindos de fontes desconhecidas.

    Não me logo no Youtube, a não ser quando quero manejar minha conta, postar um vídeo, etc. Isso permite um universo de sugestões do algoritmo mais amplo do que se você logar.

    Conservo na Internet minha prática de vida, de sempre ampliar o leque de interesses. Posso num tempo livre, no mesmo dia ouvir/assistir uma sinfonia, ler um poema do Drummond, buscar um livro no Google Books, assistir a um jogo de tênis de mesa, e postar uma análise política. No outro dia ouço um sermão de algum pregador sério, vou atrás de um filme indiano, de um clássico dos anos 1940, de um haka da Polinésia, uma série de ficção científica, e posto um poema romântico. Universo de interesses mais amplo dificulta (ainda que só um pouco) a rotulagem, e obriga o algoritmo a ampliar o rol de sugestões.

    Quando posto algo, não fico mensurando o nível de aceitação por atos de curtir ou compartilhar. Até porque há muita gente que “curte” e nem lê ou assiste, enquanto há muitos que leem e assistem (e quando encontram pessoalmente comentam e agradecem) mas preferem ficar anônimos. Minha autoestima e minha aceitação social não dependem do virtual.

    Busco não depender da Internet para tudo. Ainda há livros físicos, enciclopédias à moda antiga (e mais confiáveis que a Wikipédia). Tenho ainda CD’s e DVD’s. Se for incômodo manejá-los um a um, que se usem os pen-drives e hd’s externos que estão aí pra isso mesmo.

    Jamais saio acreditando e muito menos compartilhando notícias “fabulosas” e novidades “espetaculares” que parecem revelação de conspirações ocultas, sem filtrá-las antes em sites sérios de notícias e de checagem de fake news. Aqueles que dizem: “compartilhem ‘sem dó’ antes que o STF (ou o Presidente, ou o Senado, ou quem quer que seja conforme o gosto do boateiro) mande tirar” ou algo assim, nem leio.

    Procuro ter senso crítico quanto ao que o algoritmo me oferece, seja notícia, post, sugestão de amizade, propaganda. A maioria, simplesmente, desconsidero.

    Claro que não me livro de todos os problemas e induções. E, claro que, mesmo para gente como eu, o algoritmo certamente tem também como calcular um perfil… Não dá pra vencer o algoritmo. Mas é possível reduzir seu peso sobre nosso livre-arbítrio.

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