Eleições 2020: Tribuna entrevista o pré-candidato a prefeito Marcos Novaes sobre saúde pública
Marcos Novaes é pré-candidato a prefeito pelo PDT. É empresário da área de pesquisas. Nasceu em Itajaí, Santa Catarina, e chegou a Petrópolis aos seis anos de idade. Foi alfabetizado no antigo colégio EPA, onde fez também o estudo fundamental. Fez a primeira comunhão no Sagrado e cursou o antigo ensino médio nos colégios Werneck e Opção. Começou a fazer política ainda na época da ditadura. Em 1979, aos 13 anos, participou da fundação do Movimento de Direitos Humanos de Petrópolis, sob a liderança do então frei Leonardo Boff. Foi presidente da APE, presidente da Comdep e vereador por um mandato (2005 a 2008).
Hoje, 77% da população de Petrópolis é atendida pelo SUS na Atenção Básica de Saúde. O orçamento da Saúde, somados repasses estaduais e federais é de R$ 345 milhões. As construções de novas unidades de saúde como a da Posse e a de Araras levaram seis anos para serem concluídas, ou seja, atravessaram duas gestões. Como o seu governo vai fazer para acelerar a instalação dos postos de saúde?
Esses 77% oficiais já não refletem a realidade. Em Petrópolis houve uma queda considerável da cobertura por planos privados – e essa queda está crescendo. Isso está impactando o SUS. Mais gente para atender exigirá uma gestão muito melhor. Antes de instalar novas unidades temos de fazer funcionar direito as que já existem e por em prática o que foi aprovado na Conferência Municipal de Saúde, no final do ano passado. É preciso, por exemplo, descentralizar o atendimento com a instalação de policlínicas regionais que dêem suporte à atenção básica, diminuindo os deslocamentos dos pacientes: mais saúde, mais conforto e gastos menores.
Do ponto de vista da gestão ainda não foram implantadas, na totalidade, ações como o prontuário eletrônico em todas as unidades e a biometria para controlar a freqüência dos médicos e servidores. A falta de informatização na Saúde é um dos entraves para melhorar o sistema na cidade. Como a sua gestão vai tratar esta deficiência?
As empresas de tecnologia melhoraram e baratearam os sistemas de controle por biometria. Nada justifica a atual falta de controle. Numa cidade da expressão de Petrópolis já não deveria haver procedimentos escritos à mão. Muitos erros e demoras resultam dessa precariedade – e não são apenas prontuários. O cartão SUS, com o histórico de cada um registrado, já deveria ser uma realidade. Há vários procedimentos que precisam ser informatizados, diminuindo margem para o erro e para a corrupção. E rotinas, como a entrega de diagnósticos para as famílias, que precisam ser totalmente reorganizadas. Dinheiro vem. Falta gestão, humanidade e transparência.
Pacientes reclamam de demora na marcação de exames e consultas, em especial os pré-operatórios, e também demora na marcação das cirurgias. Há pessoas que já refizeram exames várias vezes porque as cirurgias são sempre adiadas. A pandemia do coronavírus fez a fila pelas cirurgias crescer. Como sua gestão vai colocar um fim às filas para cirurgias?
A pandemia do novo coronavírus explicitou a incompetência do governo local. Todo o enfrentamento do vírus ficou nas costas do pessoal da saúde. A prefeitura não soube enfrentar a crise. Sem plasticidade, deixou o vírus engessar o sistema de Petrópolis. Mantém fora do uso de rotina um número excessivo de leitos e equipes, apenas para dar a impressão de sobra e parecer que a pandemia está sob controle. Não está. Os riscos ainda são grandes. Filas para cirurgias sempre irão existir. Mas por incompetência e descaso estão grandes demais. Vou corrigir isso com tecnologia, reorganização, melhora nas condições de trabalho e valorização das pessoas.
Petrópolis vive hoje duas realidades: moradores que entram na justiça para garantir vagas, remédios e cirurgias. Por outro lado, assistem os moradores de outros municípios serem atendidos nas emergências da cidade. E Petrópolis não recebe indenização das cidades de origem dessas pessoas pelo atendimento que foi prestado aqui. Como sua gestão vai resolver os dois problemas?
O SUS foi feito para todos os brasileiros e deve atender a todos. Quando o governo local falha, as pessoas tomam iniciativas como as citadas: vão à justiça ou à cidade vizinha. No caso da Justiça, vou tomar duas providências: (1) vou usar tecnologia e as melhorias de todo o sistema para reduzir a espera, evitando que o paciente vá a Justiça e (2) diminuir o atrito, pelo diálogo e transparência, com as autoridades judiciárias, tornando a relação mais eficaz e humana. Os pacientes de outras cidades serão devidamente registrados e faremos aquilo que a lei e o Ministério da Saúde já permitem: buscar para Petrópolis as verbas gastas nestes atendimentos.
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