Em Busca do Tempo Perdido
Algumas pessoas estão reunidas em uma sala, sorriem e conversam amistosamente, fazem até algumas brincadeiras. Entretanto não se trata de uma reunião social qualquer. O que querem, o que buscam em comum? Leitor amigo, por alguns instantes vamos congelar estas imagens numa foto, suspende-las no tempo e nos lançar em vôo amplo a sobrevoar por este nosso país afora. A linda natureza brasileira emoldurando a paisagem, seus cenários deslumbrantes como bem sabemos, e admiramos as belezas, encantos e riquezas de nossa terra. Contudo contrastando com tamanha beleza e bondade natural, do clima á fertilidade do solo, da exuberância da vegetação em profusão de formas e cores, a fauna e flora, dos frutos, os rios, cachoeiras, mares, praias e montanhas, preciosas pedras incrustadas dentro de minérios valiosíssimos. Apesar de o que existe de mais valioso seja o seu povo, esta gente que aí habita, vamos observando que em quase todos os estados e municípios, cidades, vilarejos e rincões do Brasil a integridade da vida de seus cidadãos hoje encontra-se em grave perigo. Uma guerra suja e surda se instala insidiosamente, insistentemente dia após dia. Que país é este? Os brasileiros têm se acostumado a se maltratar uns aos outros, nem a chamada Belíndia se presta mais aqui como metáfora, em realidade nossas mazelas já transgrediram a fronteira do bom senso, presenciamos um revés da civilização, vê-se a luz do dia uma criatividade perversa em se praticar o mal dentro da normalidade, sem nenhuma vergonha ou qualquer escrúpulo, parafraseando Caetano: tudo demorando em ser tão ruim. Tristes cenas de violência contra vidas e bens é o que vemos por todos os lados, a inépcia, o descaso e a omissão, seguimos sobrevoando infindáveis tapetes de estradas esburacadas, incontáveis favelas e bolsões de miséria. Uma aristocracia decadente insiste em proteger um modelo ultrapassado e falido de contrato social conservador (Roberto da Matta). O desanimo toma conta das vítimas de violência, quanta injustiça clamorosa!? Se eu fosse poeta diria como Castro Alves:
Silêncio Musa, chora chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto
…Um momento de silêncio pelas vítimas da tragédia brasileira, eis porque estamos reunidos: a repensar nossos valores, nossas prioridades, acabar com o “ninguém faz nada” por nossos irmãos, por nós mesmos. Assim nossa bandeira será lavada pelas nossas lágrimas. Hoje o povo sofrido, cidadãos alarmados, inertes, omissos ou revoltados, desanimados, dominados por instituições retrógradas, perversamente desvirtuadas de suas funções precípuas, irresponsavelmente ineficientes, numa sequência ininterrupta de ciclos viciosos que ainda nos surpreendem, insinuantes, agem em cada esquina da história desconstruindo pelo avesso o mínimo entendimento sobre um código comum de convivência, tão amorfo, mal compreendido e por isso mesmo desrespeitado por todos nesta babélica bagunça nacional. Qual educação que queremos? Como ensiná-la, divulgá-la ou apoiá-la? Se hoje se fala em escola sem partido? Como fica a cidadania das nossas crianças? Unamo-nos em torno do ideal comum que restabeleça, ou melhor inaugure um novo contrato social de convivência civilizada. Vamos nos unir e dizer não a estes políticos desqualificados e corruptos. Vamos extirpar este tecido maligno infiltrado em nossa vida pública. Comecemos a partir das próximas eleições votando para o bem de Petrópolis e do Brasil.