• Verão e o ar-condicionado

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  • 31/01/2016 07:00

    Além das mudanças bruscas de temperatura que acontecem nesta época do ano, provocadas pela instabilidade climática, um outro inimigo da saúde no verão pode estar bem mais presente do que se imagina. O aparelho de ar-condicionado, que pode representar um alívio para a sensação estressante provocada pelo calor, por outro lado pode desencadear uma série de problemas respiratórios, além de doenças graves, caso não haja cautela na sua utilização e também cuidados com a manutenção dos filtros do equipamento. 

    O acúmulo de sujeira e poeira pode tornar o aparelho um criadouro de ácaros e fungos que podem causar crises alérgicas, provocando irritação nas narinas e na garganta, além de reações adversas que podem aparecer de acordo com cada organismo. Segundo especialistas, nos aparelhos muitas vezes proliferam partículas que podem desencadear uma série de problemas respiratórios, atingindo até os próprios pulmões, que são os órgãos mais importantes da respiração. 

     Quem tem problemas de alergia já sabe dos cuidados que devem ser tomados. Mas muita gente nem imagina que as constantes dores de cabeça, irritação no nariz, tosse e espirros podem estar relacionados diretamente com o uso frequente desses equipamentos.

    A estudante Cíntia Bolpato passa a maior parte do seu dia em ambientes climatizados. Seja em casa, no trabalho ou na universidade, ela está sempre respirando ar-condicionado. "No início eu não podia entrar numa sala com ar ligado que meu nariz rapidamente mostrava rejeição. Mas como a maioria dos lugares tem ar-condicionado, foi uma questão de adaptação", disse. Apesar de pensar que estava acostumada com o ar seco e frio, Cíntia, que sofre de bronquite, começou a apresentar um agravamento de seu quadro respiratório. "Eu comecei a ter dificuldades para dormir à noite. Minha garganta ficava irritada e eu sentia como se tivesse algo me dificultando para respirar. Fiz inalação, nebulização, mas tive que procurar ajuda médica" revelou. Depois de alguns dias de crise, com o uso de medicamentos a jovem já começou a apresentar melhoras. Porém, bastava voltar a estudar e trabalhar que a situação piorava. Foi aí que ela começou a investigar seus hábitos e ambientes que frequentava, e descobriu que em seu trabalho o filtro do ar-condicionado não recebia limpeza há mais de um ano. "Nós tiramos o filtro e eu comecei a espirrar sem parar. Estava preto, horrível", revelou. A empresa da qual Cíntia fazia parte rapidamente providenciou a troca de todos os aparelhos que estavam com problemas, devido à gravidade da situação. A jovem chegou a passar uma tarde no hospital e receber medicamento intramuscular para o alívio rápido da crise alérgica.

    O caso de Cíntia é muito mais comum do que se pensa. "Aqui na nossa região nós temos muita gente que utiliza ar-condicionado e não se preocupa com manutenção", contou.

    De acordo com infectologistas, o problema pode desencadear uma infecção pulmonar, agravar doenças como asma, sinusite e até pneumonia.

     O problema é que nem todos os casos são como o de Cíntia, com uma alergia ou agravamento de sintomas de quadro respiratório. A sujeira do filtro dos aparelhos de ar-condicionado pode se tornar uma ameaça. Ao longo de meses sem manutenção, as grades do filtro viram um criadouro de bactérias perigosas, que podem levar a problemas sérios em alguns pacientes. 

    Os mais vulneráveis às infecções por bactérias são idosos, bebês, pessoas imunocomprometidas, os alérgicos, os asmáticos, os que têm bronquite e enfisema, além dos portadores de imunodeficiência adquirida, como HIV, e até mesmo pessoas com câncer. A cultura de micro-organismos e bactérias pode causar danos diretamente ao Sistema Nervoso Central (SNC), provocando doenças que resultam em paralisia, deixando graves sequelas. 


    Troca do filtro e limpeza

    Para evitar a proliferação de vírus e bactérias, é fundamental fazer a manutenção do aparelho.

    A troca do filtro deve ser feita pelo menos uma vez por ano e os tubos precisam ser limpos a cada seis meses. No caso do carro, a troca deve ser feita a cada dez mil quilômetros, mesmo período da troca de óleo.

    Hidratação pode aliviar sintomas

    Para combater a umidade baixa provocada pelo ar-condicionado, os especialistas recomendam a ingestão de bastante água e o uso de soro fisiológico no nariz para umidificar a mucosa ressecada. Outra sugestão para quem dorme com o aparelho ligado é usar umidificadores ou manter recipientes com água no ambiente.

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