Passagem da Tocha divide opiniões
A Tocha Olímpica passou no final da tarde de ontem (29) pela cidade imperial. Com abertura do espetáculo e início do revezamento no Palácio de Cristal, o fogo grego percorreu as ruas do Centro em direção ao Hotel Quitandinha, cercada de muita gente, que se dividia em opiniões. O evento foi, sem dúvida, marcante na História da cidade – e recebeu a sua dose de aplausos -, mas, de maneira geral, o povo não esteve muito contente com a passagem da Tocha – assim como não está com os Jogos Olímpicos no Brasil. O evento foi uma oportunidade para diversos protestos – que, aliás, também receberam aplausos da população.
Um ponto marcante para Petrópolis, foi o recebimento da chama olímpica nos Jardins do Museu Imperial, em frente a estátua de Dom Pedro, por Pedro Carlos de Orleans e Bragança, representante da Família Real na cidade. Ele a conduziu até a Avenida Tiradentes, onde passou-a para a próxima condutora, Fiorela Solares. Estiveram presentes integrantes caracterizadas do espetáculo Um Sarau Imperial, que retomará suas apresentações semanais. O evento não podia ser mais oportuno já que hoje a Princesa Isabel completaria 170 anos. “É realmente uma coincidência histórica”, disse Andreia Dutra, que interpreta a princesa há sete anos.
No Centro Histórico, a tocha passou pela Praça Dom Pedro, seguindo pela Rua do Imperador, Rua Paulo Barbosa, retornando em frente a Praça Tiradentes e voltando pelo outro lado da Rua do Imperador até a Rua Washington Luís – de onde seguiu para o Quitandinha. Muita gente veio assistir. As calçadas estavam cheias e havia quem corresse, acompanhando os condutores da tocha, apesar do cordão de isolamento. Pessoas assistiam das sacadas e janelas dos apartamentos. Aplausos e vibração. Algumas críticas também eram desferidas entre um momento e outro.
Uma série de manifestações ocorreram pela cidade e foram aplaudidas pela população. As vítimas de catástrofes naturais que perderam suas casas e estão com aluguel social, pago pelo Estado, atrasado, fizeram uma manifestação com cartazes e faixas na Praça da Liberdade e no Palácio de Cristal. Na Praça Dom Pedro, um varal de cartazes com críticas à Olimpíadas, ao governo do presidente interino Michel Temer, à falta de pagamentos, entre outras, foi pendurado entre as árvores como exposição. Profissionais da Educação também protestaram com faixas no Obelisco e acompanharam todo o percurso no Centro. Defensores dos animais também aproveitaram a oportunidade para criticar o uso das charretes na cidade.
Entre o público que assistiu, as opiniões foram variadas. Os jovens teceram fortes críticas ao aparato de segurança armado para a passagem da tocha. “Eu já não concordo com a realização da Olimpíada no Brasil. Além disso, achei um exagero a escolta para a Tocha. Tinha a polícia militar, a polícia federal, a polícia rodoviária, o DETRAN, seis carros do batalhão de choque! Foi maior que a do presidente, que geralmente precisa de quatro batedores”, disse o estudante Gustavo Mellado, de 16 anos. “Eu achei uma palhaçada”, disse a estudante Laura Santana, de 16 anos. “A gente quis ver porque é um evento único. Acho que nunca mais teríamos a chance de ver a tocha passar, disseram os estudantes Pedro Henrique Souza Alves, de 17 anos, e Paulo Severino, de 16 anos. Já os mais velhos elogiaram a organização e educação dos petropolitanos: “Eu adorei!”, disse a aposentada Regina Sá. “O povo petropolitano foi super educado – inclusive nos protestos”, disse a aposentada Mary Videira Mora.