• Nasce uma Estrela – I

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  • 06/05/2020 00:01

    Mês de maio; nele avançamos e, na sequência dos dias, memórias vão ressurgindo, de fatos e feitos de nossa vivência de partícipes de momentos da história petropolitana. E nosso dever é, ao recordá-los, também registrá-los e expedi-los ao endereço da posteridade.

    Em especial, registro a fundação do Teatro Experimental Petropolitano no decorrer do mês de maio de 1956, quando dramaturgos, diretores, atores, atrizes, técnicos de várias especialidades, diletantes, curiosos, enfim, promoveram reunião de pessoas interessadas na retomada do teatro amador na cidade de Petrópolis.

    Retomada, sim, porque a atividade vinha sendo cultivada desde os idos imperiais, movimentando a cultura cênica em vários espaços pouco adequados, valendo o entusiasmo e o amor pelo teatro. Foram utilizados espaços de hotéis, clubes, salas residenciais e até teatros foram edificados porém, com o advento do cinema, nos derradeiros anos do século XIX, todos os espaços cênicos ganharam cabines de projeção, grandes telas, sob inevitável abandono dos palcos bem como de toda a sua cenarização de encanto e beleza. A partir da década de 20, são exemplares desse prestígio empresarial, deitado ao cinema, os teatros Capitólio, Petrópolis e D. Pedro, apenas e prioritariamente casas exibidoras da 7ª Arte. Com exceção do D. Pedro, os demais não possuíam palcos adequados para as artes cênicas.

    Em 1955 surgiu o novo Teatro Santa Cecília, idealizado pelo arquiteto Luiz Fossati, também criativo e feliz autor do projeto arquitetônico do soberbo Hotel Quitandinha. Na nova casa, que substituía o heroico teatro-cinema Santa Cecília, palco incentivador da atividade cênica nas décadas de 1930 a 1950, era objetivo do presidente da Escola de Música Santa Cecília, proprietária do novo prédio, o poeta e dramaturgo Reynaldo Chaves, honrar aquela casa com teatro, somente teatro e outras atividades cênicas. E o Teatro Santa Cecília era perfeito e uma verdadeira casa teatral. E assim aconteceu, o que animou amadores teatrais, a criarem um grupo cênico, aproveitando os talentos dos artistas e técnicos que haviam mantido os grupos na época do demolido teatrinho Santa Cecília. No início do ano de 1956, encontros e ensaios determinaram a criação do elenco, ao qual chamaram de Teatro Experimental Petropolitano, sob primeiro objetivo, ensaiar e montar a peça “A Canção dos Indigentes”, de Reynaldo Heitor de Souza, em apoio à benemerência social da comunidade dos franciscanos, à frente Frei Matheus O.F.M e a Ordem Terceira de São Francisco, presidida pela sra. Maria Hortência Pereira dos Santos.

              Duas personalidades dedicadas ao teatro somaram esforços para arregimentar, no mínimo, 40 pessoas para a montagem do espetáculo: os diretores e atores Paulo Jeronymo Gomes dos Santos e Ernesto Pereira. Os dois e mais o trabalho e incentivo da diretoria da Escola de Música, da Ordem 3ª de São Francisco e o entusiasmo de Frei Matheus O.F.M. foram decisivos para a empreitada: ensaios, montagem geral, responsabilidade de entusiasmados técnicos, os ensaios rigorosos, tudo, enfim, coroou o esforço e a dedicação, com 10 récitas da peça “A Canção dos Indigentes”, no Teatro Santa Cecília sempre de casa cheia em todas as apresentações.

    Maio de 1956, sucesso!  E a certeza de que a arte cênica em Petrópolis ganhara nova expressão, entusiasmado fôlego e a criação de um grupo teatral que se tornou referência em nossa cultura. (Jeds).

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