• Ó tempos!… Que não mudaram!

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  • 29/04/2020 00:01

    Em minhas mãos a “Revista Ilustrada”, ano I, nº 31, de 12 de agosto de 1876. Tempos Imperiais, com D. Pedro II no trono de Chefe de Estado e senhor do Poder Moderador. De 1876 a 2020 temos 144 anos de tempo percorrido em nossa complicada história: cai a monarquia, vem uma república implantada em golpe militar, instaurando o período do “café-com-leite”, assim denominada a predominância de políticos paulistas e mineiros nas decisões federais; em um salto imenso chegam o sulistas e amarram seus cavalos no obelisco carioca substituindo o café-com-leite pelo chimarrão. Pela constituição, para a gestão dos novos tempos, movimentos populares pegam em armas e o presidente interino aceita nova Carta Magna, continua no poder; em seguida rasga tudo e sapeca um tal “Estado Novo”, aproveitando a devoção política mundial pelo estilo do governo forte ou fortemente centralizado e o país experimenta severa ditadura, que acaba junto com a 2ª Guerra Mundial e o país volta ao sistema democrático e livre, mesmo que no caminho esbarre com a volta ao poder do ditador pelo voto nacional. Surge um estadista o “Nonô de Diamantina”, vulgo JK, que dá uma pernada no destino atabalhoado e cria uma nova capital no planalto central; quer retornar mas leva um chega-pra-lá de um feito militar que fecha tudo, bate e arrebenta, até nova democratização que consegue manter a mesma classe política anterior ciscando no poder, culminando com o grupo meio-que-de-esquerda, que elege um cabra-da-peste e senta-o nos acolchoados de Brasilia e do Mundo. A coisa torna-se problemática diante da gritaria denunciante de muita corrupção, o que não impede o governo de eleger um presidente do grupo, aliás, uma senhora que fora guerrilheira, portanto “presidenta”, um folclore divertido, de pouco raciocínio, a piada nacional, por fim reeleita e, em seguida, sofrendo “impeachment”, palavra inglesa que ela jamais conseguiu pronunciar. Veio o vice cheio de dedos e gesticulações fazendo zingrar o furado barco, até as eleições que levaram ao trono republicano S. M. R. D. Bolsonaro I, que vem surpreendendo a todos com seu estilo boquirroto de pensamentos de pouco sentido e que vem incendiando a nossa “notre-dame” da melhor esperança, esta a última, que num rochedo íngreme, pendura-se à beira da morte sob visita de um vírus mortal. O honesto povo brasileiro e do planeta vê-se em prisão domiciliar, enquanto a bandidagem rola à solta pulando os muros da moral e da decência.

    Pois, então, vamos lá, de volta à capa da “Revista Ilustrada”, onde magnífica charge reproduz dois cidadãos em um baile na Corte do Rio de Janeiro, com taças de sorvetes e pedaços de bolos nas mãos, conversam. O que dizem é uma síntese de toda a nossa história daqueles idos até hoje.  Reproduzo:

              “- O teu baile está esplêndido e estes sorvetes estão deliciosos. Vou-me entender com o Roncetti, logo que ele chegar de Roma, para ver se há meio de festejar-se N. S. da Glória uma vez por mês…

              – Pois tu pensas que uma festa desta não custa dinheiro? É o que diria o povo!

              – Ora, o povo! Ora, o dinheiro! Ataque mais impostos e ataque mais foguetes, assim ele fica com os olhos cheios de fumaça e não enxerga patavina”.

               

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