Em busca do bom senso
Essa pandemia tem nos permitido ver de forma mais clara, dois fatos da maior importância: o primeiro, que o povo brasileiro não é um povo solidário e o segundo, que temos uma gestão política, controversa e antagônica entre a União e os Estados. Se você se surpreendeu com estas afirmações, os últimos dias nos deram a prova cabal de que tínhamos uma concepção totalmente equivocada sobre estes assuntos e sobre uma possível convivência pacífica entre os que pretendem suceder Bolsonaro. A guerra sucessória para 22 já está antecipada.
Por óbvio, a quarentena foi precipitada e foi um ato político mal avaliado, sem qualquer planejamento, fruto de uma emoção exacerbada de momento. O bom senso e o equilíbrio foram esquecidos, assim que a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou esse novo vírus, como pandemia. As consequências da quarentena não foram sequer minimamente avaliadas, sopesadas em suas consequências econômicas e emocionais da população.
Hoje, estamos começando a pagar o preço dos equívocos e das trapalhadas. Quando digo isto, não falo só do governo federal, mas sim, incluo governos estaduais e municipais. Admito que em parte haja até boa intenção em acertar, mas de bem intencionados o inferno está cheio. O preço a ser pago, quer em vidas, quer no domínio econômico governamental (nos três níveis) e no domínio privado, será algo absurdo.
A quarentena serviu também para mostrar à relutância da população em cumpri-la a contento, as insistências de comércios (vedados de abrir suas portas) em se manterem abertos, a falta de fiscalização suficiente para coibir a desobediência, bem como muitas pessoas frequentando as ruas, apesar de todos os apelos amplamente divulgados pela mídia para que se mantivessem recolhidas às suas casas.
Esse desrespeito de parte da população, apenas reforça o argumento da falta de solidariedade das pessoas para com as outras pessoas; o aspecto egoísta do “faço o que quero e não me importo com os outros”, ficou patente.
Não me proponho a avaliar quem está certo ou errado, não me proponho a julgamentos; estou a apontar eventos dicotômicos, pelos quais estamos infelizmente tendo que passar. A opção, que fica clara hoje, da Presidência da República, é favorável à economia , visto que, os reflexos e consequências da quarentena acenam para um cenário de quebra generalizada de empresas, com inúmeras demissões e um possível quadro de inadimplência de salários do funcionalismo público, pensões e aposentadorias.
Por outro lado, o ministro da saúde (até então com postura rígida de combate) já admite flexibilizações, governadores e prefeitos (que estão se aproveitando politicamente) também em muitos casos, já admitem um afrouxamento (em alguns setores) , salvo governadores pré candidatos, como Dória e Witzel que continuam e insistem no bate boca com o Presidente.
Como água benta e canja de galinha não fazem mal a ninguém, prefiro aguardar mais alguns dias, na expectativa da prevalência do bom senso e do equilíbrio, esperando que o que venha a ser decidido seja o melhor para o Brasil e para os brasileiros.