• Acordo entre rodoviários e sindicato mantém empregos, mas empresas não garantem operação dos ônibus

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 28/03/2020 14:59

    Um acordo firmado entre o Sindicato dos Rodoviários e o Setranspetro garantiu a manutenção, por 90 dias, de todos os 2.100 funcionários, que atuam no transporte público de Petrópolis. No entanto, as empresas de ônibus não garantem a operação do serviço já na próxima semana sem a ajuda financeira da Prefeitura. De acordo com os empresários, devido a queda de 75% no número de passageiros pagantes, por causa da pandemia do novo coronavírus, não há como comprar o óleo diesel para manter o funcionamento mínimo do serviço.

    Em nota, o Setranspetro informou que na última semana, encaminhou ofício ao prefeito Bernardo Rossi e a Companhia Petropolitana de Trânsito (CPTrans) demonstrando preocupação com a continuidade dos serviços diante da abrupta queda na demanda de passageiros pagantes. Entre as propostas está o subsídio para o pagamento das passagens dos clientes que usam a gratuidade, a isenção de recolhimento do Imposto Sobre Serviço (ISS), suspensão por 180 dias para integração tarifária temporal, a prorrogação do prazo de 180 dias para pagamento de multas e taxas administrativas e aporte de verbas para colaborar com pagamento da folha de pagamento dos mais de dois mil rodoviários.

    Leia também: Sicomércio pede a isenção dos aluguéis das lojas até controle da pandemia de coronavírus

    Segundo a Setranspetro, apenas com óleo diesel e folha de pagamento o sistema de transporte coletivo de Petrópolis tem o custo aproximado de R$ 415 mil por dia útil. Com a operação praticada nos dias de domingo, este custo cai apenas 25%, que representa mais de R$ 311 mil por domingo. “Isso ocorre porque não existe diminuição no custo fixo, como a folha de pagamento e despesas administrativas, mas só há redução mínima no custo variável, com óleo diesel, por exemplo. Sem que haja a arrecadação ou com a arrecadação reduzida a aproximadamente 25%, nenhuma empresa conseguiria ter capacidade financeira de manter o serviço funcionado”, citou a nota.

    “Sabemos que a crise afeta a todos os seguimentos econômicos. Acreditamos que neste momento, o transporte, que é um serviço essencial que garante o direito de ir e vir de grande parte da população e é um fomentador da economia, necessita ter total atenção das autoridades, que precisam evitar um colapso. Nenhuma empresa do mundo consegue achar estratégia para manter um custo diário tão alto sem arrecadação”, afirmou Isidro da Rocha, presidente do Setranspetro. Em nota, o sindicato ressaltou que “acredita que é possível o governo juntamente com a Câmara Municipal aprovarem medidas emergênciais de auxílio financeiro para ajudar a custear os salários dos rodoviários”.

    Manutenção dos empregos foi considerada uma vitória para a categoria

    “O que conseguimos foi uma vitória para a categoria. Manter os empregos neste momento de crise era o mais importante neste momento. Nestes 90 dias é o período que acreditamos ser o pico da crise”, ressaltou o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Edson Oliveira. Além da estabilidade por um período de três meses, o acordo também garantiu que não houvesse redução dos salários.

    “Ao invês de reduzir dos rendimentos propomos um revezamento de trabalho em escala de férias, o que foi aceito pela patronal”, explicou o sindicalista. Na quinta-feira, o Setranspetro havia anunciado um colapso no sistema até o dia cinco de abril, devido a queda de 75% no número de usuários. A previsão do sindicato era demitir cerca de 40% dos trabalhadores, em torno de 800 pessoas.
    Segundo ele, esse revezamento de trabalho não irá interferir na operação do serviço e o sistema continua funcionando em horário de domingo, em todas as linhas. Também ficou decidido o afastamento imediato com férias de 30 dias para todos os funcionários com idade acima de 60 anos. Após este período, haverá a suspensão do contrato de trabalho e o fornecimento de uma bolsa auxílio. “Conseguimos também que durante todo o período do acordo, a cesta básica e o vale alimentação estarão mantidos no mesmo valor da nossa convenção de hoje”, concluiu Edson.

    Últimas