Não estamos fazendo o dever de casa

Não estamos fazendo o dever de casa.

Como presidente de uma operadora de plano de saúde que tem um hospital próprio, tenho certeza que o título atrai a atenção dos leitores para saber o que de errado está acontecendo na saúde. 

Mas quem não está fazendo o dever de casa somos nós, os cidadãos, que ainda não acreditamos no potencial de colapso do sistema de saúde e por conseguinte da assistência a população. O Covid-19 é uma ameaça invisível e que ainda não causou grande número de casos confirmados no município, mas tenham a certeza que haverá! Esta é a história epidemiológica de um agente infeccioso que entra pela primeira vez em contato com a população e tem a capacidade de se disseminar rápido. Sofrerão muito mais os nossos idosos, mas as outras faixas etárias também tem risco, apesar de menor. E espero que não cheguemos ao mesmo ponto da Itália que passa a estabelecer cuidados de fim de vida para os idosos, sobretudo octogenários para cima. 

Não adianta termos o poder executivo, legislativo, judiciário, o sistema de saúde empenhando todos os esforços se nós, cidadãos, não nos conscientizarmos e aderimos as orientações, proibições, decretos, sobretudo a redução da mobilidade urbana e a permanência domiciliar. Não adianta somente as máscaras se não higienizarmos as mãos. E aqui estamos assistindo a loucura do álcool gel, com preços inflacionados, escassez no mercado, quando não, motivo de embate entre as pessoas. Mas o velho sabão e água são tão eficientes quanto, e continuam bem abastecidos nos pontos de venda. Não adianta eu ter um estoque de álcool gel em casa e meu vizinho não ter, ele vai me contaminar! 

E porque o sistema de saúde vai colapsar? Os atendimentos de medo do Covid-19 são os mais numerosos, não o de casos suspeitos ou da doença. E o pior lugar para correr o risco de se contaminar são as Emergências. Nunca houve tanta informação divulgada pelos diversos meios de comunicação, portanto, só ir a uma emergência em caso de suspeita real. Assim também é com o teste de laboratório, que devido ao mau uso, o desejo de saber se tenho ou não o Coronavírus, levou a escassez do teste e em alguns lugares a inexistência. Como os profissionais de saúde farão adequadamente o seu trabalho? Por falar nestes heróis anônimos, eles saem todo dia de casa com a missão de cuidar da população, mas são humanos, também sentem medo, sobretudo de levar o Covid-19 para as suas casas e famílias. Usar corretamente o hospital também é cuidar daqueles que cuidam. 

O colapso virá, porque todo mundo estará olhando para o Covid-19, isolando leitos e enfermarias, reservando leito de UTI’s, cancelando cirurgias, mas todos os males que afetam o ser humano continuarão existindo, como os infartos, os AVC’s, as apendicites, fraturas, etc. Como manter o atendimento a tudo isso? 

Prevenção e conscientização! E porque não estamos fazendo o dever de casa? Porque continuamos saindo de casa mesmo liberados para trabalhar em home-office ou dispensados para ficar em casa como no caso do grupo de risco, não higienizando adequadamente as mãos, não pensando que meu excesso é a falta para alguém, porque nossas essências humanas e sociais vêm sendo desfiguradas com a vida moderna ao longo do tempo e que, quando ameaçados em nossa capacidade de viver em sociedade, falhamos. 

Mas nem tudo está perdido! Ainda há tempo e só depende de nós. Afinal, podemos, com nossas ações em consonância com todas as medidas de orientação divulgadas por múltiplas instituições e em concordância com o protocolo do Ministério da Saúde, além do esforço do poder público e das estruturas do sistema de saúde, diminuir não só o impacto e mortalidade do Civud-19 como evitar o colapso do sistema. Comecemos agora, aqui, na nossa amada Petrópolis.