• País do casuísmo

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  • 18/03/2020 15:15

    Existem coisas inexplicáveis plantadas e medrando nos caminhos brasís. Primeiro exemplo, por aqui: o comportamento político mais amado do universo, a democracia, sob a regência de três poderes “autônomos”: o executivo, o legislativo e o judiciário. O segundo legisla… Epa, descobri para que serve! O primeiro põe em execução! O terceiro desdiz e desfaz muito de tudo o que os outros dois decidiram. 

    Exemplos interessantes de como se comportam esses poderes, sob leis, decretos, medidas provisórias, acórdãos e o escambau a quatro que armam todos por ai, são, por exemplo: 

    A) o amado povo tem o direito de ir e vir…quando a bandidagem está na hora do almoço e encosta as armas por detrás das portas; 

    B) o mesmo tem direito a fazer compras no comércio… mas deve pagar pelas sacolinhas de plástico reciclável; 

    C) o mesmo abastece autos com o que existe no mercado… mas pagando o preço mais alto do mundo pelo combustível e, ainda, nunca sabendo se as bombas do posto funcionam com lisura;

    D) o mesmo tem incidência em seus salários mínimos dos mais altos impostos do planeta, divididos em muitas rotulações de visível nebulosidade (nebulosidade visível? – esta é ótima!);

    E) o mesmo pode apanhar dinheiro à vontade nos estabelecimentos de crédito, a prazos longos e juros e maquiavélicos números adicionais que ultrapassam a atmosfera terrestre; 

    F) o mesmo, que nada tem, vai assistindo a ação do Estado raspando suas panelas de comida honrada para distribuir migalhas em bolsas que estimulam o aumento da pobreza, principalmente a moral; 

    G) o mesmo não é instruído à respeito do que é, porque a educação e o ensino mudaram para pior… A escola retrato de nosso país -hoje – é a Escolinha do Professor Raimundo. Oh!!! 

    H) o mesmo sem armas e os bandidos armados até os dentes, muitos com implantes de ouro nas dentições e residenciais esconderijos nos condomínios de luxo; 

    I) o mesmo, doente e cercado de vírus por todos os lados, a mercê de estruturas jurássicas da saúde pública;

    J) o mesmo acompanha basbaque e aplaude a proibição do tabaco e vê projetos de liberação de outras drogas também letais. 

    K) o mesmo sente no pelo e nos preços os altos custos dos cartéis, das magnas empresas ditando as normas econômicas, legislando com canetas parlamentares; 

    L) o mesmo eriça a pelugem quando vê um presidente do Supremo Tribunal Federal triturar a Constituição, na TV para todo o país, aprovando impeachment de presidente sem suspensão de direitos políticos;

    M) o mesmo assiste o estouro de barragens, o afundamento no mar de plataforma da Petrobrás; um barraco inflamável de clube incendiando e matando crianças sonhadoras de glória e ampla vida…

    N) o mesmo cidadão brasileiro de sempre, pronto para seguir a caravana errada, sem consciência de civilidade, e cidadania, dentro do “salve-se quem puder”. 

    E, nesse particular os homens públicos são os mestres do pulo de gato, principalmente aqueles que têm o privilégio, a honra, o aporte constitucional de aumentar os próprios salários… 

    Preciso falar com o poeta para que me diga onde fica Pasárgada, porque lá – como ele – eu sou amigo do rei! 

    Ou perguntar ao príncipe o que está, realmente, podre, no reino da Dinamarca? 

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