• Ibovespa volta a cair com mercado retomando cautela por impactos de coronavírus

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  • 11/03/2020 15:38

    O recrudescimento nas expectativas cada vez mais frágeis de crescimento econômico no mundo e no Brasil reforça a cautela entre investidores, que ficam no aguardo de novas medidas de estímulo por bancos centrais mundiais para conter os impactos do coronavírus. Depois do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), o Banco da Inglaterra surpreendeu nesta quarta-feira, 11, ao cortar o juro em meio ponto porcentual, para 0,25%, como resposta ao choque econômico provocado pelo surto da epidemia iniciada na China e que se alastra pelo globo. Agora, esperam-se ações de outras instituições, como do próprio Fed, do Banco Central Europeu (BCE), além de medidas fiscais pelo governo norte-americano.

    Internamente, a expectativa recai na reunião que o presidente Jair Bolsonaro nesta manhã com a equipe econômica para tratar da crise, e que informou redução em suas projeções. No entanto, as expectativas ainda indicam alta acima das vistas no mercado.

    A projeção da equipe econômica para o PIB 2020 foi diminuída de 2,4% para 2,1%, enquanto no levantamento Focus, a previsão é de expansão de 1,99%. Contudo, já há instituições prevendo 1,3%, como informou nesta quarta o UBS.

    Para o IPCA, a Secretaria de Política Econômica estima 3,12%, menor que o visto no Focus (3,20%), ante projeção anterior de 3,62%.

    Conforme o governo, os principais canais de transmissão do coronavírus incluem redução nas exportações, queda de commodities e alta nos preços de insumos importados. Em um cenário otimista, afirma que o impacto do vírus é de recuo de 0,1 ponto porcentual do PIB em 2020; no cenário base, pode ser de -0,3 ponto; e, no pessimista, impacto do coronavírus pode ser de -0,5 ponto do PIB deste ano.

    Os investidores agora esperam por algum sinal quanto ao andamento das reformas, que são consideradas por muitos necessárias para estimular o investimento e, no mínimo, aliviar os impactos da crise atual.

    Enquanto, isso, o Ibovespa cai mais de 2,5% nesta manhã, na faixa dos 89 mil pontos, depois da retomada de alta na terça. O índice à vista fechou com ganhos de 7,14%, aos 92.214,47 pontos, no maior avanço desde dezembro de 2008.

    Nesta quarta, contudo, a sinalização é que a B3 acompanhe a queda das bolsas externas, apesar do anúncio de medidas de estímulo mundo afora. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, por exemplo, declarou que a União Europeia vai investir 25 bilhões de euros para conter os impactos econômicos do surto de coronavírus.

    “O País já vinha de um processo de crescimento fraco e o coronavírus foi um veto importante para essa aceleração nas reduções das projeções. É um momento ruim, pois há várias decisões de contingência nos países, nas empresas, o que dificulta negócios”, avalia Fernando Barroso, diretor da CM Capital.

    Neste sentido, avalia que apesar da alta de 0,25% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro, após 0,21% em janeiro, o quadro inflacionário é tranquilo, especialmente por conta da atividade fraca. “Neste quadro, fica difícil acelerar a inflação. O Banco Central não deve ter problemas, podendo cortar o juro ou mesmo promover outras medidas, como redução de compulsório para auxiliar a política monetária”, cita.

    No campo corporativo, o investidor avaliará a notícia de que a Telefônica e a TIM decidiram negociar, em conjunto, a compra das operações móveis da Oi.

    Já o petróleo caindo mais de 2,5% pressiona as ações da Petrobras, que cedem quase 4,00%. Às 10h55, o Ibovespa caía 2,48%, aos 89.927,41 pontos. Nesta quarta, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) fez uma forte revisão para baixo das suas projeções de crescimento da oferta da commodity em 2020 pelos produtores que não fazem parte do cartel Em relatório, informou que a expansão do suprimento por esses países será de 1,76 milhão de barris por dia (bpd), e não mais de 2,25 milhões de bpd como projetava no mês passado.

    Leia também: Por coronavírus, FMI diz que BCs devem agir cortando juros e injetando liquidez

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