Filigranas da “Flor do Lácio”

Inúmeras vezes ouvi de meus professores Delfino Monteiro, David Luz, Carlos Werneck e João Francisco que “são cognominadas homônimas as palavras que apresentam a mesma fonética, porém, a semântica é diferenciada. Homófonas (homo: mesmo; fono: som) – pronúncias iguais, grafias diferentes, ou seja, homógrafas, homo: mesmo, grafia: escrita. Fonética, som, igual.” Alguns exemplos ao rememorar esses ensinamentos. 

Bem no cume da montanha a profetisa profetizou que toda a população seria alvejada de felicidade. O presidente ao ser empossado fez com que sua bela esposa empoçasse o palácio em emoção. Justamente no momento do concerto o palanque ruiu e um arsenal compareceu para um rápido conserto das estruturas. Hoje há nevoeiro e a cerração impediu a serração do madeiramento. Dois pais de meu país foram premiados em suas monografias. Caçar, nem pensar, houve enorme movimento para cassar essa autorização. 

No auditório havia um bom número de assentos e, no entanto, o assento não tem acento. Depois da sesta, na sexta-feira comprei uma cesta de frutas. Tu não me vês há um ano e me recordo a primeira vez. Na fazenda havia tachas de cobre. Faziam-se doces diversos. Hoje para se comprar uma se impõe à mercadoria alta taxa. Ao taxar o preço, com certeza, o vendedor será tachado de explorador. À época do império o servo servia o cervo numa panela de aço. Asso leitões e novilhos sobre brasa.

É preciso que estejamos atentos ao contexto em que as palavras estão inseridas. Dessa forma elas serão identificadas. Prossigamos neste divagar: “Marcelino Pão e Vinho”, filme de meu tempo de infância. A sessão (reunião ou assembleia) foi ótima. Chorei. Depois, no mesmo shopping passei os olhos em diversas vitrines e a Mr. Hugo possui uma seção (departamento) de moda masculina de raro bom gosto.

É necessário bom senso (juízo) em suas reflexões e atitudes, no entanto, há que se realizar um percuciente e acurado censo (dados de estatística) a que se chegue a um denominador ao que se refere às necessidades básicas da população. As homógrafas, isto é, escritas iguais com sons diferentes: a palavra gosto, o meu é diferente do seu. (substantivo) Eu gosto tanto de você! (verbo gostar). O medo era tanto que coloquei uma taramela na porta. Ele a força, mas, não consegue abri-la. (verbo). 

O notável saber supera a força. (substantivo). A grafia e a pronúncia iguais. Quem disse que uma andorinha só não faz verão! (verbo). Verão o triunfo do homem reto e íntegro. (verbo). O verão de 2019 deixará a pele bronzeada, porém, cuidado com a excessiva exposição ao sol. (substantivo). É preciso ceder, “nem tanto ao mar e nem tanto ao ar.” (verbo). Não diz o ditado que se acordar cedo Deus ajuda? (advérbio de tempo). Neste mesmo diapasão fico a perscrutar e a observar e estar atento, inclusive, aos acentos gráficos. 

Um simples acento modifica o sentido da palavra, doida seria uma pessoa desequilibrada, aquele que age insanamente, louco, maluco e que apresenta loucura e doída aquela pessoa acometida pela dor, sofrida, manifesta dor física ou moral. Uma calça a pessoa bota, a bota a pessoa calça.

A palavra oxítona é proparoxítona, isto é, o acento agudo recai na terceira sílaba, a sílaba tônica é a antepenúltima. A pessoa vivida pela longevidade dos anos se torna vívida, iluminada e animada. Glorifico e homenageio os professores, filólogos e cultores do idioma pátrio. Salve a “Flor do Lácio” tão bem definida por Olavo Bilac!